O setor cosmético sabe muito bem e vale sempre reforçar: a embalagem é fundamen­tal para conquistar clientes. Afinal, quando usa um produto para cui­dar da beleza ou melhorá-la – e por que não a saúde –, o consumidor cria sintonias fortes que começam pela sua roupagem. Além do mais, ele sempre deseja praticidade, se­gurança e conforto. A indústria entende isso e se movimenta em busca de soluções inovadoras.

Tampa Twist_Aptar

 

A Aptar dá o exemplo. Com a compra da Mega Airless no ano passado, deu um up no seu poder de entregar inovações. O recen­te foco da empresa no ramo dos dermocosméticos exige itens que entreguem eficiência e segurança. E isso a empresa oferece de sobra, com tecnologia, explica Maurício Carini, gerente de desenvolvimen­to de mercado.

Dragon

Outra empresa que atua com uma pegada bem premium é a Dragon. Jorge Unterleider, dire­tor do negócio, deixa claro que o seu perfil é para quem busca diferenciação. A empresa é super parceira de fabricantes que que­rem apresentar projetos robustos, diferentes, ainda que de longo prazo. Traz soluções de fornece­dores internacionais e auxilia o desenvolvimento de inovações. Leia mais sobre essas duas empre­sas nesta edição, na matéria de cobertura da FCE Cosmetique.

Tendências – Para alcançar a ino­vação, um dos caminhos promis­sores é estar atento às tendências, olhar para o futuro e enxergar ne­cessidades de consumo e oportu­nidades de tecnologia e negócios, segundo especialistas. Um deles é Antonio Ponce, gerente de marke­ting da Bemis. O executivo destaca justamente a conexão como um dos principais pontos que influen­ciarão o mercado de higiene e bele­za de forma definitiva. “Existe uma grande tendência de lançamento de embalagens que se conectam ao consumidor através dos sentidos, visão, tato ou olfato”, diz.

Antonio Ponce_Bemis

Também aparecem no radar, com frequência, as palavras prati­cidade e sustentabilidade. Ponce destaca que, segundo o ponto de vista do consumidor moderno, as melhores embalagens são aquelas que melhoram a sua experiência no momento do uso do produto. Ou­tro fator que deve ganhar força, de acordo com o gerente, é a substi­tuição das embalagens tradicionais por flexíveis, “que frequentemente têm menor impacto ambiental por serem muito mais leves”.

Algumas das inovações Bemis disponíveis no mercado nacional que estão diretamente relaciona­das a essas tendências são Silver Glam e Efeito Táctil. A primeira é uma estrutura de alto brilho que tem efeito espelhado e é aplicada nas bisnagas de tubos laminados. Proporciona o destaque do produ­to na gôndola, chamando a aten­ção do consumidor, e oferece bar­reira à luz, oxigênio e vapor d’água. A segunda é um verniz aplicado ao filme flexível, que, quando tocado, dá a sensação ao consumidor de toque em couro, pétala de rosa, fruta ou papel, entre outros.

Refis e miniaturas – O discurso de praticidade e sustentabilidade é unânime. Ivonne Ascher, dire­tora de vendas da Faber Castell, afirma que as principais tendên­cias para cosméticos são “emba­lagens práticas e descomplicadas, como os minis e embalagens multifuncionais”. “Também há um grande movimento na inclu­são de soluções em embalagens sustentáveis, capazes de reduzir o impacto no meio ambiente ou permitir a reutilização quando o produto acaba, as chamadas re­fis”, acrescenta. O CEO da Jafra Cosméticos, Guto Pedreira, tam­bém fala disso nesta edição, leia mais no H&C Pergunta.

De fato, diversas palavras ou expressões ganham relevância no setor nos últimos anos, como sus­tentabilidade, praticidade, inova­ção e redução de custo. Para a diretora da Faber Castell, a pra­ticidade com preços atrativos tem maior peso entre elas. “Isso devi­do ao cenário econômico do País, aliado ao crescimento do merca­do mesmo em tempos de crise”, diz Ivonne.

“A praticidade, para nós, sig­nifica produtos fáceis de usar, em qualquer hora do dia, e que pos­sam ser levados na bolsa ou néces­saire em todo lugar”, completa. Ainda segundo a executiva, pro­dutos com esses atributos ganham mais espaço no mercado por conta da escassez de tempo no dia a dia da mulher e a sua inserção no mer­cado de trabalho.

A empresa lançou o Magic Metal na versão batom líquido ou lápis mini jumbo, que transforma qualquer batom em metalizado. “Esse produto tem tamanho práti­co, que cabe na nécessaire e tam­bém permite a mulher utilizar todas as cores de batom que ela já tem e transformá-los em novas cores, inéditas”, ressalta Ivonne. Além disso, o item oferece benefícios de alta hidratação e regeneração dos lábios ressecados, com vitamina E.

Sachês – Um dos principais desa­fios da Unilever para concretizar o compromisso de ter 100% de suas embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis até 2025 era en­contrar uma solução técnica para a reciclagem de sachês, que corres­pondem à maior proporção de em­balagens plásticas não recicláveis devido ao pouco valor do produto no mercado de reciclagem e às difi­culdades em reciclar o material.

PetPara solucionar a questão, a empresa apresenta o CreaSolv Process, tecnologia desenvolvida em parceria com o Fraunhofer Ins­titute for Process Engineering and Packaging IVV, da Alemanha, que possibilita a reciclagem de resíduos de sachês. A solução foi adaptada de um método usado para separar retardantes de chamas bromados dos polímeros em resíduos de equi­pamentos elétricos e eletrônicos. Durante o processo, o plástico é recuperado do sachê para, depois,

Faber CastellAntonio Ponce, da Bemis, fala de tendências para o setor ser usado na fabricação de novos sachês para produtos. A Unilever deve inaugurar uma planta piloto na Indonésia ainda esse ano para testar a viabilidade comercial de longo prazo dessa tecnologia.

Segundo a empresa, os sachês são embalagens extremamente eficientes, pois usam pouca maté­ria-prima, gerando menos resíduo, e ocupam menos espaço no trans­porte em relação às embalagens tradicionais. Também facilitam o acesso a produtos por consumido­res de baixa renda. Mas sem uma solução de reciclagem viável, os re­síduos de sachê acabam como lixo comum ou em aterros. Como par­te de seu plano de sustentabilida­de (leia mais no quadro), a Unilever tem o compromisso de encontrar uma alternativa ao simples descar­te desse tipo de embalagem.

Unilever“Pretendemos fazer com que essa tecnologia seja de fonte aber­ta e esperamos ganhar escala na tecnologia com parceiros na in­dústria, para que outras empresas possam usá-la, incluindo os nossos concorrentes”, afirma David Blan­chard, chefe de P&D da Unilever. “O argumento econômico a favor dessa tecnologia é muito claro. Sa­bemos que, globalmente, perdem­-se US$ 80 bilhões a US$ 120 bi­lhões por ano porque os plásticos não são reciclados adequadamen­te. Encontrar uma solução repre­senta uma oportunidade enorme. Acreditamos que o nosso compro­misso de tornar 100% de nossas embalagens recicláveis, reutilizá­veis ou compostáveis apoiará o crescimento do nosso negócio no longo prazo”, completa.Assunta Camilo

Nada novo sob o sol – Outro ponto de vista pode ser compre­endido a partir do fato que as em­presas do setor sabem o que preci­sam. Elas conhecem as demandas e projetam o que é necessário. Assunta Napolitano Camilo, dire­tora do Instituto de Embalagens, concorda. A especialista afirma que as tendências de consumo são as mesmas há algum tempo e se refletem nas tendências para embalagens de consumo – igual­mente para higiene pessoal e cos­méticos. “Conveniência, diferen­ciação, preocupação com saúde e sustentabilidade”, diz.

Assunta acrescenta que os consumidores estão em busca de embalagens convenientes que ofereçam fácil abertura e que pos­sam ser refechadas, quando é o caso. “É crescente o uso de pump para uma série de produtos para facilitar o uso e evitar a contami­nação, mas, além disso, esse siste­ma de dispensing é a chave para agregar valor e diferenciação aos produtos”, sugere.

Mais acesso – Porém, a varieda­de de oferta pode ajudar as em­presas a terem mais oportunida­des para saírem do Embalagens menores_preços menoreslugar comum. Alexandre Miasnik, diretor da francesa Fiabila, empresa especia­lizada em esmaltes, reflete sobre o assunto. O executivo diz que o segmento de esmaltes é pautado historicamente por um frasco de vidro e uma escova para aplicar o produto. “Recentemente, assis­timos à chegada de um spry ao mercado, mas na verdade é uma embalagem ruim: grande, cara, confusa, de baixo brilho e curta duração entre outras característi­cas”, acrescenta.

Mas o que vale mesmo é a tentativa, a busca mais assídua por novidades. O mercado tem em mãos um momento também para ousar. Miasnik afirma que o desafio hoje é obviamente vircom alternativas econômicas e competitivas. “Também é impor­tante trazer alguma inovação, o Brasil agora está acessando novos fornecedores com gama maior de produtos que devem atualizar a oferta”, finaliza. Leia também nesta edição a seção Embalagem & Design e saiba mais.

Fonte:https://www.revistahec.com.br/revista-hec/edicao-103/materia/3199/embalagem-tem-uma-sintonia-forte-no-setor

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