Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) enviou ao Supremo ações que questionam a aprovação de leis estaduais

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) submeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) processos jurídicos que questionam leis dos Estados do Rio de Janeiro e Amazonas para proibir testes em animais no setor.

Pelo despacho do ministro relator Gilmar Mendes sobre ação de inconstitucionalidade (ADI) 5995 que contesta a Lei 7814/ 2017 do Estado de Rio de Janeiro, a advogada-geral da União Grace Mendonça e a procuradora-geral da República Raquel Dodge devem se manifestar sobre o assunto em breve. No caso do Amazonas, o ministro Alexandre Moraes que irá julgar a ADI 5996.

O presidente da Comissão de Estudos de Processo Constitucional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)/RJ, Rodrigo Brandão, explica que as ações da ABIHPEC se amparam na deliberação de que é competência das leis federais determinar normas gerais sobre a fauna e cabe à legislação estadual definições mais específicas. “Como já existe uma norma geral federal, a princípio a decisão deve ser pela inconstitucionalidade das leis estaduais. Exceto, se ficar comprovado que a legislação federal não protege adequadamente os animais”, afirma Brandão.

Em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul já existe legislação estadual que proíbe os testes em animais. No entanto, Brandão acredita que a decisão do STF pode gerar novas ações para questionar a constitucionalidade dessas leis. Na Suíça, experimentos com animais para cosméticos foram proibidos em 2017.

O conselho deliberativo da ABIHPEC é composto por representantes de empresas como Grupo Boticário, Johnson & Johnson, Avon, Nivea, Baruel, Colgate Palmolive, Kimberly Clark Brasil, L’Occitane do Brasil, L’Oréal, Mahogany, Hinode, Mary Kay, Natura, Procter & Gamble, Jequiti e Unilever.

A organização Humane Society International critica duramente a iniciativa da associação brasileira. “Essa manobra cínica de declarar ser contra testes de cosméticos em animais e, ao mesmo tempo, fazer tudo para bloquear o progresso na esfera federal e derrubar leis conquistadas nos Estados revela o lado feio do setor cosmético”, diz o gerente de campanha da Humane Society International, Helder Constantino.

Em comunicado enviado à reportagem, a ABIHPEC afirma que o setor entende que as medidas legislativas estaduais são inconstitucionais, pois, de acordo com a Constituição Brasileira, o tema só pode ser legislado no âmbito federal.

Apesar da Natura integrar a ABIHPEC, a marca The Body Shop, que pertence ao grupo Natura & Co., mantém uma campanha global contra testes em animais.

A reportagem entrou em contato com as empresas Natura e o Grupo Boticário e solicitou entrevistas ou um posicionamento especifíco das empresas sobre as ações de incostitucionalidade da ABIHPEC. Ambas as marcas afirmaram que não iriam se manifestar sobre o assunto.

Fonte: https://emais.estadao.com.br/blogs/lindeza/empresas-cosmeticas-tentam-impedir-proibicao-de-testes-em-animais-no-rio-de-janeiro/

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