A Pierre Fabre, dona das marcas Avène e Darrow, inaugura centro de pesquisa no Rio 

Produtos das marcas Avène e Darrow, do laboratório francês Pierre Fabre

O laboratório francês Pierre Fabre, dono de marcas como Avène e Darrow, inaugurou nesta terça-feira no Rio um centro de pesquisas para o desenvolvimento de dermocosméticos visando a características próprias de pele e cabelo de consumidores brasileiros. A chegada da empresa consolida a posição do Rio como um polo para companhias do setor de beleza que buscam desenvolver produtos para a consumidora da região. No fim do ano passado, a concorrente L’Oréal, de marcas como Vichy e La Roche-Posay, investiu R$ 160 milhões na criação de centro com foco semelhante na Ilha do Fundão.

Com investimento inicial de R$ 10 milhões, o centro da Pierre Fabre — o segundo fora da França — ficará na Barra da Tijuca. O objetivo é elaborar de dez a 12 produtos próprios por ano. Os itens elaborados no Brasil poderão ser comercializados em toda a América Latina e, no caso de produtos capilares, também na África, disseram executivos do grupo. O centro terá dez pesquisadores brasileiros, número que pode dobrar até 2021. Após o aporte inicial, a expectativa do grupo é aplicar pelo menos R$ 1 milhão por ano no centro.

Após retroceder na recessão, o setor de higiene, perfumaria e cosméticos cresceu 2,8% no Brasil em 2017, segundo a associação do setor, a Abihpec. Este ano, espera-se expansão de até 2%. Mas os números não refletem exclusivamente o segmento de dermocosméticos. Além disso, marcas voltadas para as classes A e B conseguiram avançar com mais fôlego. A Pierre Fabre expandiu o faturamento em 24% em 2017, para R$ 250 milhões. Este ano, a expectativa é avançar 10%, disse a diretora global de dermocosméticos, Núria Pérez-Cullell.

– A crise não tem uma influência em nossa política de investimento. Mesmo conhecendo altos e baixos, o Brasil é um país que tem conseguido se recuperar. Observamos a situação. Há o impacto cambial, que não é positivo para a gente, porque somos uma companhia que funciona em euros. Logo, há um impacto que pode até se tornar muito negativo, mas estamos convencidos da pertinência desse mercado – afirmou a executiva, observando que a companhia não reajustou os preços no mercado brasileiro por causa da desvalorização cambial.

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DIMINUIR DISTÂNCIA DE RIVAIS

Segundo Eric Ducournau, diretor-geral da Pierre Fabre, a criação do centro de pesquisa será importante para reduzir a distância em relação aos competidores no mercado brasileiro.

— O Brasil é nosso oitavo maior mercado, enquanto nosso maior competidor (L’Oréal) tem o Brasil como segundo mercado. Começamos a entendê-lo em 2006 com a aquisição da marca Darrow, enquanto os competidores começaram mais cedo. É um lugar onde queremos crescer — afirmou Ducournau, que assumiu o comando do grupo em maio e veio ao Rio para a inauguração do centro de pesquisa.

Por causa da aquisição da Darrow, a Pierre Fabre possui uma fábrica no município de Areal, próximo a Teresópolis, a única de dermocosméticos que mantém fora da França (o grupo tem fábricas de medicamentos em outros países). Produtos de linhas internacionais como Avène vendidos no Brasil são pré-fabricados na França e finalizados na unidade brasileira.

Em 2015, a Pierre Fabre havia lançado seu primeiro centro de pesquisa fora da França, em Tóquio. De acordo com a diretora do novo centro brasileiro, Anne-Laure Gaudry, o objetivo da iniciativa no Rio será desenvolver produtos para as linhas Avène, Darrow e Ducray aproveitando a diversidade de peles e cabelos na população brasileira.

– Vamos ser capazes de desenvolver produtos mais adaptados aos consumidores brasileiros e testar diretamente nesse público. Além disso, o Brasil, com sua biodiversidade, será uma fonte de inovação para todo o grupo – disse Anne-Laure, acrescentando que o Brasil é um dos líderes em pesquisas na área de dermatologia.

Segundo Anne-Laure, já a partir de 2020 haverá produtos da linha Avène inteiramente elaborados no centro do Rio, alguns dos quais poderão ser lançados em todo o mundo. A partir de 2021, o objetivo é que os lançamentos já contemplem bases da biodiversidade brasileira.

– O público brasileiro é tão exigente que, se eles gostam do produto, ele tem capacidade de ser lançado em outros mercado – disse Anne-Laure, acrescentando que o grupo avalia o potencial internacional da marca Darrow, hoje exclusivamente brasileira.

Há quatro anos, mesmo sem um centro de pesquisa, a companhia já havia desenvolvido dois produtos da linha Avène – o sabonete para pele oleosa Cleanance Barra e o hidratante Cleanance Hydra – exclusivamente para consumidores brasileiros que acabaram sendo comercializados também no México.

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/gigante-francesa-desenvolvera-cosmeticos-para-pele-cabelo-das-brasileiras-23102712

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