Tíquete médio da categoria deu um salto de 52% no primeiro quadrimestre de 2018 ante mesmo período do ano passado; embalagens maiores podem fisgar clientes em busca do custo-benefício
Considerado como um dos destinos preferidos dos consumidores para a compra de itens de necessidade básica, principalmente durante a crise, os atacarejos abrem espaços nas gôndolas para os produtos de higiene pessoal e beleza com embalagens maiores de marcas premium.
Segundo um estudo da empresa de inteligência de mercado Nielsen, os produtos que integram a categoria de higiene e beleza saltaram 52% no tíquete médio no primeiro quadrimestre de 2018 na comparação com mesmo período do ano passado.
“A indústria de beleza está sendo a último setor a entrar nesse tipo de canal. Alimentos, bebidas e limpeza tradicionalmente são mais dependentes do atacarejo. Porém, estamos vendo o surgimento de algumas categorias importantes que antes não eram trabalhadas, como por exemplo cremes para o corpo”, argumentou a líder responsável pela pesquisa da empresa, Margareth Utimura.
De acordo com o levantamento, por meio da disseminação de embalagens maiores – denominadas como promopacks – os produtos que têm registrado maior adesão ao modelo de atacarejo tem sido shampoo, sabonete líquido, creme dental, esmalte, lâmina de barbear, protetor solar e também desodorante.
“Não vamos encontrar a mesma variedade de produtos dessa categoria como nos supermercados, mas esses formatos podem ser uma porta de entrada para o atacarejo. A questão do cash and carry ainda está muito voltada para o custo-benefício”, afirmou ela.
Compartilhando da mesma visão de Margareth, o sócio-fundador da consultoria empresarial Inteligência360, Olegário Araújo, afirmou que a crise fez com que a crise “trouxesse lições para os consumidores” e fez com que a indústria de beleza estreitasse a relação com os modelos de cash and carry , mesmo com portfólio restrito em relação aos supermercados.
“O atacarejo não resolve todas as necessidades de compra dos clientes, supre uma necessidade relacionada a economia e custo-benefício”, afirmou Araújo, ressaltando que uma certa inserção de marcas premium de higiene pessoal e beleza nas gôndolas do negócio deve ter retorno financeiro no médio prazo, com uma possível fidelização do cliente.
Ainda de acordo com o balanço da Nielsen, dentro do segmento de protetor solar, 72% do ganho da linha de produtos considerados premium. Já os promopacks de produtos para o cabelo apresentam um crescimento de 32% dentro dos atacarejos no primeiro quadrimestre de 2018 ante igual período de 2017.
Com isso, um dos pontos destacados pela pesquisa é a maturidade da parte dos consumidores para adquirir produtos em embalagem maiores que visam custo-benefício dos segmentos mais sofisticados. Dessa forma, o percentual de participação dos promopacks e bigpacks registrou avanço de 8 pontos percentuais, na mesma base de comparação mencionada anteriormente.
Na práticaUm dos exemplos de atacarejo que está testemunhando a chegada de produtos de higiene pessoal e beleza é o Akki Atacadista, que atua na região metropolitana de São Paulo.
“Vemos um crescimento significativo nessa categoria de embalagens grandes, como por exemplo pacotes de fraldas premium com 70 ou 80 unidades, além de condicionadores que podem chegar também a 700 ml”, argumentou o diretor-geral da rede atacadista, Artur Raposo.
Ainda de acordo com o executivo, as marcas mais caras e tradicionais do mercado viram seu espaço diminuir nos carrinhos de compra dos clientes em virtude do poder de compra reduzido. Com isso, marcas secundárias lançaram as indústrias tradicionais numa corrida para oferecer melhor custo-benefício ao cliente.
“Esse movimento ajuda a elevar nosso tíquete médio, atualmente em R$ 180”, observou Raposo, lembrando o fato de que o nível de competitividade entre as indústrias se acirrou ultimamente.
“Esses tipos de embalagens premium de produtos de higiene e beleza cresceram dois dígitos, em relação a 2017. Vemos, no médio prazo, maior presença desses pacotes nas gôndolas” complementou.
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