Diferentemente de rivais, grife mantém restrita oferta pela internet

A Chanel, casa de moda francesa conhecida pelo seu perfume nº 5 e as bolsas de couro, fez um alerta ao mercado ontem, dizendo que a covid-19 afetará o setor de artigos de luxo pelos próximos dois anos. A grife, no entanto, indicou que vai se manter firme na estratégia de evitar descontos e vendas pela internet.

“Acreditamos que a covid-19 levará a uma redução significativa das receitas e do lucro em 2020 e que os próximos 18 a 24 meses serão difíceis para o setor”, disse Philippe Blondiaux, diretor financeiro da companhia.

Cerca de 85% das 417 butiques da Chanel reabriram as portas, embora algumas nos Estados Unidos, Rússia e América Latina continuem fechadas por causa de medidas de isolamento social.

A empresa de capital fechado controlada pela família Wertheimer, divulgou seus resultados nesta quinta-feira, mostrando um crescimento vigoroso no ano passado, o primeiro sem o estilista Karl Lagerfeld no comando.

A companhia, fundada por Coco Chanel em 1910 em Paris, teve receitas de US$ 12,3 bilhões em 2019, com um crescimento de 13% em relação a 2018, quando o crescimento foi de 10,5%. O lucro operacional cresceu 16,6%, para US$ 3,5 bilhões.

Isso consolida a posição da marca na elite dos artigos de luxo, colocando-a atrás apenas da Louis Vuiton, do grupo LVMH, que registrou receita de US$ 12,9 bilhões em 2019, segundo estimativas da consultoria Bernstein, e à frente da Gucci, do grupo Kering, com US$ 10,7 bilhões.

As vendas de roupas “pret-à-porter” cresceram 28% no ano passado, segundo Blondiaux, e a transição para a nova estilista, Virginie Viard, foi “muito tranquila”. A marca vem adotando uma postura mais reservada ultimamente, com Viard dando poucas entrevistas e realizando desfiles de moda mais austeros.

“Virginie trabalhou com Karl por décadas e conhece todos os códigos da Chanel”, acrescentou o diretor financeiro. “Gradualmente ela está impondo seu próprio estilo nas coleções e na decoração dos nossos desfiles de moda. Francamente, acho que não houve nenhum impacto sobre a clientela da casa.”

A Ásia foi a região de melhor desempenho para a Chanel pelo segundo ano consecutivo, respondendo por 44% das receitas, em comparação a 37% da Europa e 19% das Américas.

A crise da covid-19 deverá afetar duramente a demanda por artigos de luxo, especialmente entre os consumidores chineses, que foram responsáveis pela maior parte do crescimento nos últimos anos. Com as viagens devendo sofrer uma redução por algum tempo ainda, as vendas em free-shops dos aeroportos, que respondem por cerca de um quinto das receitas do setor e uma parte muito grande dos lucros, deverão cair bastante.

Como resultado, o HSBC prevê que as vendas de artigos de luxo cairão 17% este ano, enquanto a consultoria Bain projeta queda de até 35%. Analistas acreditam que um retorno às vendas de € 281 bilhões registradas no ano passado só ocorrerá em 2022 ou 2023.

Mesmo assim, a Chanel não planeja grandes mudanças em sua estratégia ou presença no varejo para enfrentar a nova realidade, segundo disse Blondiaux.

A companhia não pretende começar a vender suas roupas, bolsas de mão ou relógios pela internet, apesar de concorrentes como Gucci e Louis Vuitton estarem reforçando suas atividades de comércio eletrônico. A marca vende seus perfumes e produtos de beleza no site Chanel.com, assim como no “markeplace” T-Mall, do Alibaba na China, e disse que a receita on-line cresceu 100% em abril e maio.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/06/19/chanel-preve-anos-dificeis-mas-nao-dara-descontos.ghtml

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