Cozinhar sempre foi uma das atividades favoritas da família dos irmãos Gustavo e Diogo Moreira de Aquino. Com ascendência portuguesa e italiana, os pais dos empreendedores tinham plantações de pimenta em casa e começaram a cozinhar para vender em 1993, na casa onde moravam, em Vinhedo (SP). Na época, Gustavo tinha apenas 16 anos. Hoje, a Sabor das Índias fatura R$ 8 milhões e exporta para 11 países.

Até o ano passado, as vendas internacionais correspondiam a 6% do faturamento da empresa. No entanto, com a pandemia, que culminou em uma queda no mercado nacional e na alta do dólar, a participação cresceu 50% no faturamento e hoje representa 9% do total. Atualmente, a Sabor das Índias vende para Angola, Canadá, China, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Paraguai, Portugal, Suíça, Emirados Árabes e Holanda. 

No início, as receitas para os temperos eram todas da própria família, de acordo com o empreendedor. “Fazíamos alguns vidros e saíamos para vender em postos de rodovia na  Dutra”, relembra. O investimento inicial foi equivalente a R$ 300 retirados do cheque especial, para produzir 30 vidros de pimenta. Para a surpresa da família, toda a venda foi realizada em apenas um dia.

Depois, eles passaram a fornecer para supermercados regionais e expandiram para outras localidades, iniciando pelo sul do Rio de Janeiro. “Até os 21 anos, eu fabricava pimenta e trabalhava em outra empresa. Decidi, então, seguir minha carreira solo e focar no negócio. Caminhamos bem, mas, como eu não tinha experiência e o mercado é muito dinâmico, a empresa estacionou. Por volta de 2011, não cresceu mais.”

Aquino buscou ajuda do Sebrae para profissionalizar a empresa e foi aconselhado a pensar na internacionalização do produto. “O consultor explicou que eu deveria adequar algumas coisas, como cálculo de custo e logística. A partir de 2014, começamos a trabalhar focados em uma linha de produto para atender o mercado internacional. Qualidade nós tínhamos, mas precisamos rever idioma, tabela de preço, cálculo de logística e a parte de rótulos, que passou por uma transformação de identidade visual.”

Eles iniciaram uma missão de internacionalização com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e tinham a intenção de começar por perto, na América Latina mesmo. No entanto, durante as rodadas de negócio, Aquino foi apresentado ao representante de uma importadora e distribuidora dos Estados Unidos. “Ele nos fez uma visita e ficou impressionado como estávamos antecipados com o FDA [sigla de Food and Drug Administration, registro de alimentos nos Estados Unidos, equivalente à Anvisa]. Escolheu o mix de produtos que ele achou que tinha a cara dos clientes e fizemos o primeiro contêiner.”

A primeira exportação aconteceu em abril de 2017. A Sabor das Índias fez também a primeira visita de treinamento para a equipe comercial que venderia os produtos. 

Em 2018, foram negociadas cerca de 150 toneladas de pimenta e em 2019 houve um crescimento de 30%. “As coisas aconteceram em sequência. Exportar para os Estados Unidos mostra que temos capacidade de produção, e as feiras sempre nos ajudaram muito.” Assim, as pimentas da família Moreira de Aquino foram para o Canadá, depois Portugal, Holanda, Suíça e estão hoje em 11 países.

Nos últimos dois anos, eles participaram de feiras do setor alimentício nos Estados Unidos e já previam participar também da edição 2020, que foi cancelada por conta do coronavírus. No entanto, os contatos das edições anteriores apresentaram um novo caminho para crescimento dentro do país norte-americano: o aplicativo de delivery Favi Foods. “Por meio desse networking, chegamos ao aplicativo, que também compra produtos da distribuidora que leva nossos produtos para lá. O público-alvo é o brasileiro que mora em regiões mais remotas, como Alasca e Havaí.” 

A ideia é que o chamado “mercado da saudade” (estrangeiros que compram produtos de sua terra de origem) ajude as pimentas de Vinhedo a temperar ainda mais pratos nos Estados Unidos, e agora dos norte-americanos. 

Fonte: https://revistapegn.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2020/07/familia-que-plantava-pimentas-no-quintal-de-casa-hoje-exporta-para-11-paises.html

 

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