Marcas também precisarão se esforçar para convencer os consumidores de suas credenciais sustentáveis

O mercado de global de produtos naturais e orgânicos de cuidado pessoal, que a empresa de pesquisa chinesa Facts & Factors avaliou em US$13,45 bilhões em 2019, deverá mais do que dobrar até 2026, quando alcançará US$ 28,41 bilhões, com crescimento anual de 9,8%, nas previsões da F&F, que destaca a crescente popularização desses produtos, os investimentos em P&D para incorporação de melhores extratos, bem como o aumento do rigor regulatório em relação aos ingredientes cosméticos. A previsão é bem próxima da feita pela da norte-americana Grand View Research, que projeta a US$25,11 bilhões até 2025, com crescimento anual de 9,4%.

A Euromonitor International não tem uma categoria específica para green beauty, mas produz a pesquisa ‘Product Claim Positioning’, que utiliza a ferramenta Via de monitoramento diário de preços de produtos no e-commerce global, além do rastreamento de atributos de produtos.  Os dados indicam que, em 2019, havia 865.244 SKUs disponíveis nos e-commerces monitorados pela ferramenta na América Latina. Desse total, foram identificados com o claim ‘natural’, 27.376 SKUs, o que corresponde a 3,2% do total.

Crescimento em lançamentos

Já em lançamentos, nos últimos três anos, foi constante o crescimento de novos produtos com apelo “natural” e “orgânico” ao redor do mundo. De acordo com pesquisa interna da Mintel, em 2019, os produtos de beleza e cuidados pessoais com esse tipo de apelo já correspondiam a quase 40% dos lançamentos globais, sendo que o Brasil ficou entre os 10 países que concentraram esses lançamentos. Também houve crescimento de produtos com o claim ético-animal, que indicam a isenção de ingredientes de origem animal e de crueldade animal na composição do produto. “A pesquisa revelou que 34% de todos os produtos lançados no mundo têm esse tipo de atributo, indicando a relevância do movimento vegano na indústria de beleza e cuidados pessoais”, afirma Amanda Caridad, analista sênior de Beauty & Personal Care Brasil da Mintel.

Segundo a analista, no pós-pandemia, os consumidores adotarão muitos hábitos adquiridos durante o surto de COVID-19 e permanecerão focados na eficácia e segurança dos produtos, principalmente na categoria de cuidados pessoais. “Em longo prazo, eles vão querer garantias de que os produtos são seguros, o que levará a um desejo por transparência no que diz respeito às cadeias de produção e não apenas aos ingredientes”, diz, citando o Relatório Mintel Atitudes em Relação à Vida Saudável e Sustentabilidade – Brasil – Novembro de 2019, que mostra que 31% dos brasileiros dão atenção ao processo de produção dos produtos que compram (ingredientes usados, materiais da embalagem). “É provável que essa preocupação tenha aumentado durante a pandemia. O conceito de clean beauty vai evoluir na direção da transparência e os consumidores buscarão conselhos de especialistas. Assim como acontece nas coletivas de imprensa do governo, a ciência estará na vanguarda da comunicação”.

Para Amanda, analisando o comportamento do consumidor sob a perspectiva da Trend Driver da Mintel Surroundings (ou Arredores, em tradução livre), as pessoas estão se sentindo cada vez mais conectadas ao seu ambiente externo, com 51% dos brasileiros dizendo que cuidar do meio ambiente se tornou uma prioridade, enquanto que 28% dizem o mesmo em relação à sua comunidade local. “A sustentabilidade será mais importante em longo prazo, pois o ‘apocalipse do vírus’ pode ser visto como precursor de um ‘apocalipse ecológico’ sobre o qual os cientistas têm alertado o mundo. As marcas de beleza e cuidados pessoais precisarão se esforçar mais para convencer os consumidores de suas credenciais ecológicas, e a sustentabilidade precisará ir além da embalagem e dos ingredientes”.

Amanda acrescenta que os consumidores estão atentos em relação às cadeias de suprimento e  que as marcas precisam oferecer garantias de que seus níveis de emissão de carbono são baixos. “Em uma pesquisa recente, realizada em 35 mercados diferentes pela Mintel, 18% dos brasileiros entrevistados afirmaram que passaram a se interessar mais pelas práticas éticas das marcas de beleza e cuidados pessoais que consomem, reforçando a importância da transparência, tanto quanto à presença de ativos naturais ou orgânicos”.

Fonte: https://cosmeticinnovation.com.br/maior-preocupacao-com-a-saude-alavanca-mercado-de-green-cosmetics/

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