O BTG Pactual afirmou que o setor de varejo de alimentos, que teve uma demanda resiliente durante a pandemia, acredita que as atuais perspectivas de inflação de alimentos devem ajudar a sustentar margens saudáveis nos próximos meses, apesar de um possível agravamento do cenário econômico.
Na última semana o banco organizou um painel com os diretores-presidentes Ricardo Roldão, da Roldão Atacadista (35 lojas);Victor Leal, da St. Marché (19 lojas) e Marcelo Maia , da rede Dia (rede com mais de 850 lojas, incluindo 700 no Estado de São Paulo) para discutir tendências no segmento e os principais impactos da covid-19 nas operações.
Segundo o banco, apesar de operarem formatos diferentes, a mensagem dos executivos foi muito semelhante. Eles viram um aumento na demanda durante a pandemia. Os executivos afirmaram que a busca por alimentos para se consumir em casa aumentou. Se no início da quarentena, houve uma grande movimento de visitas aos supermercados, esto número de visitas às lojas diminuiu com o tempo, mas o tíquete médio subiu.
O St. Marché, por exemplo, teve crescimento de dois dígitos no segmento de “vendas mesmas lojas”. As redes Roldão e Dia tiveram movimentos semelhantes, também ajudadas pelo auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo.
Apesar de manterem a maioria de suas lojas abertas, os executivos viram também um aumento na demanda de plataformas digitais, sendo sete vezes maior no caso de St. Marché, movimento esse que eles acreditam que deve persistir nos próximos meses.
Para se adaptar a esse novo ambiente, Dia e Roldão deverão lançar suas próprias plataformas de comércio eletrônico nos próximos meses, que deve aumentar a base de suas lojas e reduzir os custos de entrega.
“Nos próximos anos, devemos ver a penetração do comércio eletrônico aumentando para o segmento de compras, tanto por meio de agregadores quanto por plataformas de mercado (como é o caso do Supermercado Now, da B2W), além de plataformas proprietárias”, diz o relatório, assinado por Luiz Guanais e Gabriel Savi.
Expansão
Apesar das perspectivas ruins para a economia, as três redes devem manter seus planos de expansão, com a Roldão abrindo mais três lojas neste ano e o Dia com um agressivo plano de expansão de franquias a partir de 2021.
Nesse sentido, uma questão que se coloca é a potencial consolidação do mercado, como já observado em outros segmentos de varejo e acelerado pela menor disponibilidade de crédito para negócios menores.
Carrefour, Pão de Açúcar e BIG detêm aproximadamente 40% de mercado no Brasil. Mas, diferentemente do que é visto em outros segmentos de varejo, como vestuário, os executivos acreditam que as cadeias regionais devem continuar com desempenho superior nos mercados locais, mas as parcerias podem ser uma possibilidade de reduzir os custos operacionais.
Segundo o BTG, as redes varejistas de alimentos listadas em bolsa, como Pão de Açúcar e Carrefour Brasil, devem reportar valores resilientes no curto prazo, ajudados pelo aumento dos gastos com alimentos. No plano estrutural, a competição dos atores regionais e a exposição aos formatos de hipermercado (que limita a expansão da margem) impedem uma visão mais otimista de longo prazo.
“Mantemos nossa preferência pelo Pão de Açúcar no curto prazo, dada sua avaliação mais atrativa, menor exposição ao crédito (que pode impactar a rentabilidade nos próximos meses) e oportunidades de monetização de ativos não essenciais”, diz o relatório.
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