A busca por alimentação saudável envolve até proteína de gafanhoto e movimenta um mercado de bilhões de dólares

O consumidor está mais consciente aos seus hábitos alimentares, optando por cada vez mais dietas que visam prevenir doenças e uma busca por uma vida alimentar mais saudável. Prova disso, é que 72% dos brasileiros aumentaram os cuidados com a alimentação nos últimos tempos, de acordo com a Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres).

O movimento crescente do mercado vegano e vegetariano passou também a atrair os flexitarianos – que são os comem carne de forma mais ocasional. Para se ter uma ideia, o mercado de alimentos veganos valia U$$ 15,6 bilhões em 2021 e deverá ultrapassar U$$ 34,24 bilhões até 2028, de acordo com uma pesquisa realizada pela SKyQues.

O Brasil vem se destacando como um dos mercados mais promissores para a venda de produtos naturais e saudáveis, ocupando o quarto lugar no ranking global dos países que mais vendem alimentos e bebidas saudáveis.  Em relação ao crescimento do mercado de suplementação, ainda de acordo com Abiad, o consumo de suplementos alimentares no Brasil aumentou 10% em cinco anos.Os dados do último ano da pesquisa mostraram que pelo menos uma pessoa tinha o hábito de consumir suplementos alimentares em pelo menos 59% dos lares brasileiros.

Como as marcas estão se comportando frente a esse consumo?
De fato, o mercado vegano tem vivenciado um crescimento notável nas últimas décadas, impulsionado por uma demanda crescente por produtos e serviços alinhados com os valores de sustentabilidade e saúde. Esse comportamento do consumidor, reflete em uma mudança para empresas que estão dispostas a investirem e criarem demandas que atendam o consumidor.

Grandes empresas têm reformulado seus produtos e feitos investimentos robustos para atrair esses consumidores. Como não se lembrar de um dos negócios mais ousado na indústria alimentar, quando a Danone adquiriu a Whitewave, uma empresa de alimentos à base de vegetais que vendia leite de amêndoa e salada orgânica, por impressionantes U$$ 10 bilhões.

Edmar Mothé, CEO da Bio Mundo, responsável por diversas redes de lojas de produtos naturais, alimentação saudável e nutrição esportiva do país avalia que grande parte do faturamento da venda de produtos naturais está no modelo em granel, formato de compra mais flexível, seja por peso ou por unidade dos produtos.

“O granel é um dos carros chefes da casa, somente ele é responsável por mais de 20% do faturamento mensal da rede. Isso comprova a grande adesão do público por essa modalidade, trazendo mais economia, pois compra-se apenas o que será consumido e não há o uso de embalagens industrializadas, reduzindo o uso de plásticos e papéis”, conta Mothé, ao afirmar que esse estilo de compra também tem benefícios, pois os produtos a granel têm menos aditivos que podem ser prejudiciais à saúde.

Já a Liv Up, marca de alimentos e refeições saudáveis, utilizou da estratégia com influencers digitais para produzir uma linha de produtos em conjunto com a culinarista e apresentadora Bela Gil, além de parceria com Luísa Motta.  

Outro exemplo é a Wickbold, marca que produz linhas de pães especiais e com grãos, que amplificou suas ativações junto a produtores de conteúdo.  A estratégia de atração do público com o envio de kits com seus produtos para influenciadores do segmento e o patrocínio de publicações nas redes sociais das parcerias, renderam uma taxa de 60% de engajamento em só uma ação com influenciadores vegetarianos e veganos.

Tecnologia e a revolução do consumo saudável
O cenário alimentar está passando por uma revolução, com uma demanda crescente por alternativas. A busca por alimentos sustentáveis e saudáveis está cada vez mais em alta. Diversas startups ao redor do mundo estão despertando a atenção por meio de suas inovações na produção de alimentos, com o objetivo não só de serem mais saudáveis e sim contribuir para todo o ecossistema ambiental.

A Hakkuna é uma startup brasileira que vem conquistando destaque por sua abordagem na produção de alimentos. Ela cultiva grilos para a fabricação de salgadinhos, barras de cereais e farinha proteica. Essa farinha de grilo pode ser utilizada como ingrediente em diversos alimentos, como bolos, pães e biscoitos. Além de serem uma fonte rica em proteínas, os grilos são uma alternativa mais sustentável em comparação com a produção convencional de carne.

Fundada em São Paulo, a startup Behind the Foods está revolucionando a indústria de alimentos ao produzir carnes vegetais. A empresa utiliza ingredientes como ervilha, batata konjac, fécula de batata, proteína isolada de soja, combinados por inteligência artificial, para criar produtos que sejam equivalentes em sabor e textura à carne convencional.

Diretamente de Israel, a startup Hargol cultiva gafanhotos para a produção de uma farinha com 70% de conteúdo proteico, rica em aminoácidos. O que torna ainda mais notável é o sistema de criação desenvolvido, que altera o tempo de incubação dos ovos de 40 semanas para entre 2 e 4 semanas. Com investimentos aportados de até US$ 2,5 milhões até o momento, a Hargol está demonstrando como os insetos podem ser uma fonte sustentável de proteína para o futuro.

Essas startups estão demostrando o quanto a tecnologia pode ser uma aliada na forma como os alimentos são produzidos e a forma como consumimos, à medida que cresce cada vez mais o interesse do consumidor por soluções mais saudáveis e mais sustentáveis.

Fonte: https://consumidormoderno.com.br/2023/10/24/mercado-vegano-startups/

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