Cebola roxa com vinho tinto, vodka com pimenta e chá verde com alecrim. Essas misturas podem parecer estranhas à primeira vista, mas uma empresa corajosa resolveu transformá-las em geleias. A Mermeleia foi criada pelos empreendedores Thiago Henrique do Carmo, 31 anos, e Mauro Concha, 36 anos.
A trajetória empreendedora dos dois, que se conheceram em trabalhos no ramo artístico, começou com uma casa de sucos naturais. Aberto em 2010, o negócio durou apenas seis meses, mas rendeu ensinamentos e experiências para os empreendedores. “Ficamos seis meses estudando muito sobre frutas e combinações”, diz Carmo.
Com o fim da loja de sucos, a dupla resolveu se arriscar oferecendo jantares temáticos em casa. Concha, que é chileno, trouxe receitas de sua terra-natal para servir convidados uma vez por mês. “Estávamos desempregados e adaptamos a sala da nossa casa para receber pessoas interessadas em um jantar temático do Chile. No cardápio, o que realmente chamava a atenção dos clientes era a geleia que vinha na sobremesa, receita chilena da família de Concha. As pessoas queriam comprar potes das geleias”, afirma Carmo. Os dois sabores usados na sobremesa eram o de pimentão vermelho e o de morango com Cabernet Sauvigon.
A Mermeleia surgiu em 2014 quando o casal encontrou nessa demanda uma oportunidade de negócio. “De início, vendíamos pelo boca a boca, entre as pessoas que já nos conheciam. Nosso boom aconteceu quando uma blogueira encomendou 30 unidades para dar de lembrancinha no casamento e fez um post sobre a gente. Passamos a receber encomendas de todo o país, principalmente de noivas, de onde até hoje vem nosso maior faturamento”, afirma.
Produzindo em casa, o investimento inicial da dupla foi de R$ 10 para comprar três potes de vidro e alguns maracujás. Conforme o negócio cresceu, a dupla mudou de casa e investiu R$ 10 mil para construir uma cozinha industrial. “Apesar de termos aumentado a escala de produção, todo o trabalho continua sendo artesanal. Nós dois e mais um funcionário somos os responsáveis por fazer tudo, desde descascar as frutas, testar os sabores e embalar uma a uma,” diz Carmo. Quanto aos sabores exóticos, o empreendedor afirma que a experiência que eles tiveram com sucos naturais abriu portas para entender as combinações de frutas e arriscar na hora de montar os sabores.
Hoje, o faturamento mensal da dupla varia entre R$ 3 mil e R$ 6 mil. “Nosso faturamento varia muito de acordo com as encomendas. Todo mês nós produzimos para empórios de todo o Brasil e para quem faz os pedidos pelo e-commerce. Contudo, existem meses que temos mais encomendas de lembrancinhas de casamentos ou de eventos corporativos, e isso aumenta bastante a nossa renda”, diz Carmo. A empresa permite que tanto os clientes corporativos quanto os de pedidos de casamento possam criar os próprios sabores.
Em média, são produzidos 400 potes de geleia por dia. Entre os ingredientes, 75% é a fruta natural fresca e o restante varia entre bebida alcoólica, especiarias, limão para nivelar o pH e pectina para dar textura. Sem conservantes ou preservantes, o produto dura até seis meses fechado.
Apesar de não ter uma loja física própria, a dupla tem pontos de venda em todo o país e comparece a feiras gastronômicas na capital paulista. “Além de serem ótimas para divulgação da marca, as feiras que participamos possibilitam que as pessoas experimentem os nossos sabores. Por serem muito exóticos, é comum que os clientes prefiram provar a degustação ou comprar a embalagem pequena de 40g antes. Assim, eles não precisam se arriscar na embalagem de 250g de primeira”, afirma Carmo.
Os potes variam de R$ 20 a R$ 40 e a empresa também vende embalagens para presentes. Outros sabores muito pedidos são os de rosas com vinho branco, banana com rum e, para as crianças, morango com purpurina comestível. “Hoje, nossa meta é continuar com o nosso projeto pessoal Rota da Geleia, em que viajamos para países conhecendo produtores artesanais de geleias. Assim, nós acrescentarmos no nosso produto tais experiências. Esperamos fazer um documentário sobre essas vivências quando o projeto acabar”, diz Carmo.
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