O banco publicou relatório ontem sobre o problema após conversar com um grande fornecedor para o setor.
As garrafas de vidro continuam sendo altamente demandadas pela indústria de cerveja brasileira devido ao aumento do consumo doméstico e os problemas de abastecimento devem persistir ao longo de 2021, diz o Credit Suisse. O banco publicou relatório ontem sobre o problema após conversar com um grande fornecedor para o setor.
Mesmo com a suposta desaceleração do consumo de cerveja em fevereiro, devido à renda familiar mais baixa e a ausência de subsídios governamentais somadas a um preço mais alto da cerveja, o Credit diz que a indústria não foi capaz de construir estoques de garrafas de vidro, o que fez com que as restrições de capacidade continuassem no início de 2021.
“A intensidade dos impactos, por outro lado, deve ser inferior à de 2020, dado o aumento de capacidade concluído no ano passado. Em última análise, as importações têm sido uma solução alternativa.”
Mas o banco destaca que a Ambev deve ter sido menos impactada do que suas maiores concorrentes, Heineken e Petrópolis. “Quase não foi impactada pela escassez de garrafas de vidro no mercado, se beneficiando de sua integração vertical (cerca de 44% das necessidades de garrafas de vidro fornecidas internamente em 2020) e contratos sólidos com grandes fornecedores.”
A pesquisa da equipe do banco sugere que a Heineken administrou parcialmente o problema importando de 25% a 30% de suas necessidades de garrafas de vidro no ano passado a preços 40% acima dos domésticos. Já o grupo Petrópolis foi o mais impactado, optando por desviar a produção para latas de alumínio.
Outra observação do Credit é que, nesse cenário, cervejarias estão priorizando a produção de segmentos e marcas mais rentáveis. Em meio ao ambiente restrito, as empresas priorizaram marcas, segmentos e tamanhos de embalagens mais lucrativos em detrimento dos de margem baixa e menos demandados.
Em nota enviada à redação após a publicação da nota, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) disse que “a falta de garrafas que o mercado vem enfrentando é um reflexo do impacto que a pandemia gerou no cadeia de insumos e produção de embalagem – e que vem afetando diversos segmentos”. “Especificamente no setor cervejeiro, estamos enfrentando desafios pontuais com alguns insumos inerentes ao negócio, mas buscando junto aos fornecedores soluções para a normalização e menor impacto possível ao processo”, acrescenta a nota.
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