As vinícolas brasileiras enfrentam um ano difícil. Até outubro, as vendas acumulavam retração de quase 16%. Graças a uma retomada em novembro e dezembro, a previsão agora é de estabilidade nas vendas de espumantes e queda de 8% para outras categorias de vinhos. Além do consumidor retraído em função do desemprego e da queda na renda, e do aumento de 900% no IPI, o setor enfrentou uma quebra de 57% na safra de uvas, o que encareceu o preço da matérias prima entre 60% e 150% em relação a 2015. O setor reporta uma queda de 15,9% nas vendas no acumulado de janeiro a outubro, em comparação ao mesmo período de 2015, de acordo com dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Do lado da oferta, a maior dificuldade enfrentada pelos fabricantes foi a quebra na safra de uva, que passou de 702,9 mil toneladas em 2015 para 300,3 mil toneladas em 2016, em função de problemas climáticos. Devido à oferta escassa, os preços do quilo da uva subiram de 60% a 150%, dependendo da variedade, segundo as empresas. Esse cenário levou as vinícolas a fazer mudanças significativas em suas linhas de produção, na tentativa de conseguir mais receita com menos produto. A Vinícola Salton, segunda maior em volume de produção atrás da Cooperativa Vinícola Aurora, deixou de produzir neste ano vinhos de mesa e sucos, concentrando-se apenas na produção de espumantes, que tem valor agregado mais alto, e destilados, como vodca e conhaque. A empresa também usou estoques antigos de uvas processadas na produção. Com isso, a Salton deve fechar o ano com uma queda de 15% a 20% no volume de vendas. Em receita, terá um crescimento da ordem de 20%, para R$ 390 milhões, segundo Daniel Salton, presidente da Salton. “Tudo indica que no próximo ano a safra de uvas vai ser normal, então poderemos retomar a produção das linhas que ficaram paradas”, afirma o executivo. O empresário disse que, nos últimos dias, grandes redes de varejo começaram a emitir vários pedidos de 40 mil a 70 mil caixas de vinhos. “A expectativa é de um crescimento forte neste fim de ano”, afirmou Salton. A Vinícola Peterlongo foi outra que decidiu concentrar o uso das uvas adquiridas na produção de espumantes e vinhos finos. A produção de espumantes foi ampliada em 20% no [...]