A Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) revelou os números referentes ao desempenho da indústria brasileira de embalagem, no primeiro semestre de 2013, assim como as expectativas para o segundo.
Segundo pesquisa coordenada pelo Coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o crescimento da produção física de embalagem totalizou 2,66%, no primeiro semestre de 2013, resultado um pouco acima dos 2,5% de crescimento estimado no início do ano.
O economista da FGV ainda destacou que esse desenvolvimento do setor ao longo do semestre, não se deu de maneira uniforme, tendo em vista que, no primeiro trimestre do ano, o setor expandiu a uma taxa de 4,8%, em relação ao mesmo período de 2012, sendo que nos três meses seguintes, o crescimento não passou de 0,6%.
Segundo o especialista, essa diferença entre os dois resultados pode ser explicada pelo elevado grau de otimismo do empresariado do setor no início do ano, o que pode ter causado um descompasso entre oferta e demanda, levando a um aumento nos estoques, que foram gradualmente sendo distribuídos ao longo dos últimos três meses do trimestre. Esse movimento pode ser claramente observado no gráfico de “Nível de Estoques” apresentado pelo economista, que mostra que os produtos estocados chegaram ao seu pico no mês de abril e, desde então, vêm caindo a ponto de, em julho, serem quase insuficientes.
Sendo assim, a tendência para o próximo trimestre é que as indústrias do segmento acelerem o ritmo de produção para melhorarem seus níveis de estoque, o que deve influenciar positivamente nos resultados do setor para o segundo semestre.
A Sondagem da FGV ainda revelou que a falta de confiança de diversos agentes econômicos nos rumos da economia, entre eles, a indústria de bens de consumo não duráveis – principais compradores da indústria de embalagem – pode gerar uma ligeira retração na demanda, apesar disso, as perspectivas para o segundo semestre são positivas.
O economista ainda confirmou que o crescimento vertiginoso vivenciado pelo setor cosmético, tem auxiliado no desenvolvimento do setor de embalagens.
A economia e o setor de embalagens
A recente valorização do dólar em relação ao real é um dos fatores que pode favorecer a indústria de embalagem nos próximos meses, segundo o especialista da FGV. Apesar dos efeitos do câmbio serem sentidos com uma certa defasagem, ou até mesmo causar impactos negativos no curto prazo, como por exemplo às empresas que possuem dívidas em moeda americana, o economista explica que a desvalorização cambial será positiva tanto para quem exporta quanto para a indústria nacional, que se tornará mais competitiva em relação às embalagens importadas.
Porém, o economista alerta que a desvalorização cambial deve também ocasionar alta de preços, seja porque o importado ficou mais caro, ou porque a demanda pelo nacional pode aumentar. “Algum impacto de preço este movimento vai ter”, afirma, e ainda completa: “ não tem jeito de uma desvalorização cambial não produzir, pelo menos, alguma pressão de custos, agora se ela lá na frente vai virar uma inflação para o consumidor, isso depende de outros fatores”.
O economista ainda afirmou que a atual pressão inflacionária pode também impactar negativamente o setor, se o governo apostar no aumento da Selic como medida para conter a alta de preços. “O aumento da taxa de juros é uma medida que tem como objetivo final a manutenção da inflação, mas que passa pelo desaquecimento econômico, o que pode dificultar a obtenção de crédito no futuro, e postergação de alguns investimentos”, disse ele.
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