O Ministério da Agricultura flagrou 13 pequenas vinícolas que usavam irregularmente o antifúngico natamicina como conservante de vinhos de mesa (comuns) suaves tintos, brancos e rosados produzidos no Rio Grande do Sul. A substância pode ser utilizada no tratamento das superfícies externas de queijos e embutidos, mas é proibida na elaboração da bebida, pois o consumo pode gerar resistência a medicamentos de formulação semelhante.

Segundo o superintendente do ministério do Estado, Francisco Signor, as irregularidades foram detectadas durante operações rotineiras de fiscalização em lotes coletados em 53 vinícolas. Outras 50 amostras ainda estão sendo examinadas e os resultados devem sair nas próximas semanas. Ele não soube informar o volume de vinho que pode ter sido adulterado.

Após a identificação da fraude, o ministério determinou que as vinícolas envolvidas fizessem o recolhimento dos produtos, vendidos principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país, informou Signor. Também foi aberto processo administrativo contra elas, que deve ser concluído em até dois meses e encaminhado ao Ministério Público Federal.

Cada uma das empresas infratoras também pode ser multada em até R$ 19 mil e em caso de reincidência elas podem ter seus registros cassados, acrescentou o superintendente. De acordo com ele, a natamicina era usada para neutralizar as leveduras e interromper a fermentação dos vinhos suaves, que têm adição de açúcar.

Conforme o diretor executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani, a presença do antifúngico já foi detectada em vinhos argentinos vendidos na Europa e apenas a África do Sul permite o uso da substância nos produtos destinados ao mercado interno. Ele defendeu a divulgação dos nomes das empresas envolvidas como medida de proteção dos consumidores.

Em nota, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) disse desconhecer “formalmente” a fraude e afirmou que cabe aos órgãos responsáveis investigar e punir as empresas infratoras, além de “orientar o setor a fim de não prejudicar a cadeia produtiva vitivinícola brasileira”.

“O setor produtivo da uva e do vinho no Rio Grande do Sul envolve 15 mil propriedades vitícolas e 735 vinícolas com cadastro ativo”, acrescentou o Ibravin. Destas, de acordo com Signor, cerca de 200 produzem vinhos de mesa suaves.

As vinícolas flagradas pelo ministério são: Gilioli, Casa Motter, Del Colono, São Luiz, VT Vinhos, Bampi, Cooperativa Vinícola Forqueta, Cooperativa Vinícola Victor Emanuel, Santini, Capelletti, Sandi, Adega Silvestri, e Indústria e Comércio de Bebidas CMS. O ministério também recomendou que os consumidores não bebam os produtos contaminados e busquem ressarcimento junto às empresas.

 

 Fonte: http://www.valor.com.br/agro/3534868/ministerio-flagra-antifungico-proibido-em-vinhos-de-mesa-no-rs

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