As duas empresas novatas na fabricação de vidro no país irão, ao menos no início, conquistar um espaço que vinha sendo preenchido pelo produto importado. A avaliação é comum entre empresários do setor e também da Associação Brasileira da Indústria de Vidro (Abividro). Segundo Lucien Belmonte, presidente da Abividro, a alta da tarifa de importação, implementada no fim do ano passado, vai ajudar a Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP) e a japonesa AGC a atenderem aos clientes que antes compravam, principalmente, da China, do Oriente Médio e do México. A tarifa para importação de vidros planos passou de 10% para 20%, atendendo a uma reivindicação importante da indústria vidreira. No ano passado, o consumo de vidro plano no Brasil foi de cerca de 500 mil toneladas, segundo estimativas da associação. Desse total, cerca de 35% foi atendido por importações, afirma Belmonte. Com a entrada das duas novas empresas, que concorrerão com a Cebrace e com a Guardian, ele espera que as importações caiam ao patamar de 10% até o fim deste ano. A tarifa, avalia, terá papel fundamental nessa substituição de importações. “Perdemos competitividade no Brasil não por desvantagem tecnológica, pois nossas fábricas são top no mundo, mas por causa do custo Brasil”, diz Belmonte. O executivo reafirma a reclamação unânime no setor contra o alto preço do gás natural, que encarece muito a fabricação do vidro. “Estamos, sem dúvida, entre os países com gás mais caro do mundo”. Ele afirma que o governo fala em medidas para baixar o custo do gás, mas que ainda não foram dados passos concretos nessa direção. Para efeitos de comparação, o gás natural chega a custar R$ 14 por milhão de BTU, enquanto nos Estados Unidos esse preço parte de US$ 2,50. O presidente da CBVP, Paulo Drummond, mostra-se mais otimista. Ele afirma que o governo já demonstrou intenção de melhorar a competitividade brasileira, com a queda de juros e a redução dos preços de energia. “O gás é sim muito caro no Brasil, mas vemos um grande programa de prospecção da Petrobras que deve trazer os preços para baixo”. Davide Cappellino, presidente da AGC no Brasil, diz estar um pouco mais receoso quanto à capacidade do país de melhorar sua competitividade. Ele, no entanto, também vê a capacidade de tomar espaço dos importados como estratégia fundamental. “O desenvolvimento do setor vidreiro no Brasil vai depender desse diferencial do custo de produção”. (AF)

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Fonte: Valor Econômico

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