De acordo com o balanço anual de 2022 da ABIA (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação), a indústria de alimentos e bebidas é a maior do Brasil, responsável pelo processamento de 58% de tudo o que é cultivado nos campos brasileiros, gerando mais de 1,8 milhão de empregos.

Em 2022, esta indústria investiu cerca de R$ 15 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação, e a Mintel Brasil tem a honra de fazer parte do movimento de inovação desta categoria nos últimos 10 anos. 

Em 2023, a Mintel Brasil comemora 10 anos atendendo clientes da região! Para comemorar este marco importante, olhamos para a última década para explorar como a mudança no comportamento do consumidor impactou a inovação em alimentos e bebidas e destacar as tendências que a Mintel identificou primeiro na indústria.

De 2013 a 2023, aqui estão 10 tendências de alimentos e bebidas que destacam as mudanças e a evolução da inovação em alimentos CPG e do comportamento do consumidor nos últimos 10 anos.

2013: Açúcar, gordura e sal – meu Deus!
Por volta de 2010, a categoria de alimentos e bebidas deu ênfase significativa à oferta de opções com quantidades “reduzidas” ou “ausentes” de determinados componentes, principalmente açúcar, gordura, sal e calorias. De acordo com o Mintel Global New Products Database (GNPD) , em 2013, aproximadamente 13% dos lançamentos de alimentos no Brasil fizeram essa afirmação, um dos maiores percentuais entre as alegações relacionadas à saúde. Por exemplo, pipoca Yoki com declaração de 0% de gordura trans na frente da embalagem teve o maior percentual de lançamentos com essa afirmação. A pesquisa da Mintel de 2013 previu a possibilidade de novas legislações, regulamentações e iniciativas governamentais com foco no alto teor de açúcar, gordura e sódio. Isso foi muito antes da implementação das novas leis e regulamentos brasileiros de rotulagem, que introduziram advertências e entraram em vigor no final de 2022.

Desde então, à medida que os consumidores brasileiros continuam a priorizar sua saúde, limitar o açúcar (52%) e o sal (58%) surgiu como uma das principais preferências dos consumidores que buscam adotar hábitos alimentares saudáveis ​​e manter uma dieta saudável.

2014: Surgem mensagens de sustentabilidade
Na última década, a sustentabilidade ganhou importância significativa tanto globalmente quanto na indústria de alimentos e bebidas do Brasil. Juntamente com as reivindicações centradas na saúde e no bem-estar, tem havido um aumento na importância da sustentabilidade. Especificamente entre 2013 e 2014, houve um aumento substancial no número de lançamentos de alimentos e bebidas com alegações como “embalagens éticas e ecológicas” e “reciclagem ética”. Segundo o Mintel GNPD, cerca de 22% de todos os lançamentos de alimentos e bebidas tiveram pelo menos uma dessas reivindicações no Brasil.

Um exemplo notável dessa tendência é a Coca-Cola Crystal Water, que lançou uma garrafa de 500ml feita com material 100% reciclável. Esta solução de embalagem inovadora utilizou 20% menos plástico e incorporou 30% de materiais vegetais, resultando numa maior reciclabilidade. No seu lançamento, a nova garrafa recebeu opiniões divergentes devido à sua rigidez reduzida em comparação com as garrafas tradicionais.

No entanto, a marca abordou com sucesso estas preocupações através de uma campanha abrangente que explicou as razões por detrás das escolhas de design. Esta campanha não só aumentou a visibilidade, mas também abriu caminho para o lançamento contínuo de versões atualizadas e sustentáveis ​​do produto, mantendo um forte foco na responsabilidade ambiental.

2015-2017: Alegações “integrais” – não mais apenas sobre dietas
Os anos 2016-2017 se destacaram como um período de aumento de lançamentos com reivindicações “inteiras”, respondendo por mais de 4% de todos os lançamentos de alimentos e bebidas no Brasil. Alguns estavam associados a uma alegação de “zero”, que era mais prevalente no início da década e frequentemente associada a dietas específicas.

A maioria dos consumidores brasileiros em 2015 discordou que “grãos integrais/produtos de grãos integrais são apenas para quem está de dieta”, em comparação com 30% que concordaram. Essa mudança indicou um reconhecimento crescente entre os consumidores brasileiros de que grãos integrais e produtos integrais oferecem benefícios além de apenas serem adequados para fins dietéticos. Um exemplo é o Pão Integral Wickbold e Zero Fatiado, lançado em 2016.

2018-2019: Surgem proteínas e vegetais
Nos últimos 10 anos, houve um aumento na disponibilidade de produtos com foco em ‘alto teor de fibra’ e ‘alto teor de proteína adicionada ‘, alinhando-se ao interesse crescente entre os consumidores brasileiros. Três quartos dos brasileiros concordaram que consumir alimentos e bebidas com benefícios adicionais é uma boa maneira de garantir que estão consumindo todos os nutrientes de que necessitam (por exemplo, fibras, proteínas, vitaminas).

De acordo com o Mintel GNPD, em 2019, houve um aumento significativo no percentual de lançamentos com a alegação ‘alto/adicionado em proteínas’, respondendo por quase 5% de todos os lançamentos de bebidas e produtos alimentícios no Brasil. Até agora, em 2023, 56% das novas bebidas nutricionais, 10% dos novos snacks e 8% dos lançamentos de novos produtos lácteos apresentavam esta afirmação. Por exemplo, Danone YoPro tem 15g de proteína e contém whey e caseína rica em proteínas.

Uma segunda tendência surgiu nessa época, toda sobre alimentos à base de plantas. De acordo com o Mintel GNPD, a porcentagem de lançamentos de novos produtos alternativos à carne no Brasil aumentou 117% entre 2014 e 2018. Ao longo da última década, os lançamentos à base de plantas tornaram-se mais diversificados, atraindo mais do que apenas a curiosidade dos consumidores mais jovens. De 2018 a 2019, os lançamentos de alimentos e bebidas com alegações de origem vegetal no Brasil cresceram 147%. Em 2020, 2,5% de todos os produtos alimentícios e bebidas lançados no Brasil traziam a alegação “à base de plantas”.

O Futuro Burger foi um dos produtos cárneos vegetais mais icônicos lançados nesse período, pela semelhança de sabor e textura com a carne real e por ser uma start-up de alimentação brasileira.

2020: Tudo sobre imunidade
Durante a pandemia, houve uma maior ênfase na imunidade e nas alegações relacionadas, à medida que os consumidores se tornaram cada vez mais preocupados com a sua saúde e procuraram formas de fortalecer o seu sistema imunitário. Um terço dos consumidores brasileiros disse, na época, que consumia mais alimentos e bebidas com adição de ingredientes para estimular o sistema imunológico (por exemplo, cúrcuma, vitaminas). Depois disso, as marcas seguiram a tendência e responderam com inovação de novos produtos, resultando num aumento de 77%, entre 2019 e 2020, no lançamento de produtos alimentares e bebidas com a afirmação “funcional – sistema imunitário”.

Com isso, bebidas embaladas em porções pequenas ou individuais, como o Piracanjuba ImunoDay, ganharam visibilidade e presença de mercado nesta categoria. Especificamente, estas bebidas capitalizaram a popularidade das “vacinas imunológicas” vistas nas redes sociais. Muitas dessas bebidas contêm fibras ou probióticos com foco na saúde digestiva como um aspecto importante para ajudar os consumidores a construir um sistema imunológico forte.

Três quartos dos brasileiros concordam que é importante para eles que as marcas das quais compram sigam práticas comerciais éticas ou sustentáveis ​​e 63% concordam que é importante praticar o comércio justo (ou seja, pagar preços justos nos países em desenvolvimento por produtos ou mão de obra). Na última década, os lançamentos de produtos alimentares e bebidas centraram-se muito mais na sustentabilidade, especificamente em soluções de embalagem, em vez de reivindicações éticas. Um exemplo, lançado em 2020, foi a lanchonete Nestlé + Gerando Falcões. A Nestlé afirmou que este produto é o primeiro alimento e bebida socialmente responsável lançado no Brasil . Na verdade, 100% dos lucros deste produto são destinados a projetos em favelas (comunidades de baixa renda).

Outra tendência importante neste momento girava em torno da saúde mental. Mesmo antes da pandemia de COVID-19, a importância da saúde emocional e mental prevalecia como tendência. Um terço dos brasileiros demonstrava interesse em opções que melhoram a agilidade mental, 29% para aliviar o estresse, 28% para melhorar a qualidade do sono e 23% para melhorar o humor já em 2016. Mas durante e depois da pandemia, essa tendência ganhou enorme impulso: 73% dos consumidores concordaram que ter hábitos alimentares saudáveis ​​era tão importante para a saúde emocional/mental quanto para a saúde física.

A marca de chá Matte Leão oferece uma variedade de benefícios mentais/emocionais e utiliza ingredientes conhecidos para apoiar o relaxamento, o reequilíbrio e o aumento de energia.

Embora a Geração Z tenha atraído atenção significativa em termos de pesquisa, estudos, marketing, conteúdo de entretenimento e inovação de produtos, a nostalgia da geração Millennial provou ser uma fonte rica e bem-sucedida de criatividade em vários domínios, incluindo o domínio da alimentação e bebidas. 91% dos millennials concordam que sabores e ingredientes familiares evocam conforto emocional para eles e 51% dos consumidores brasileiros expressaram gosto por sabores que evocam memórias de sua infância. Exemplo disso é o Cheetos Bola relançado em 2023 para atender às solicitações dos consumidores nas redes sociais.

Qual é o próximo
A indústria de alimentos e bebidas no Brasil continua oferecendo às empresas e marcas amplas oportunidades de inovação, fornecendo soluções que melhoram a vida dos consumidores brasileiros. Durante a última década, a Mintel forneceu continuamente as mais recentes pesquisas de mercado, insights de inovação e tendências de consumo de toda a indústria de alimentos e bebidas da América Latina.

Fonte: https://foodinnovation.com.br/10-anos-de-tendencias-em-comida-e-bebida-no-brasil/

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