As fabricantes nacionais recorrem a selos e certificações de empresas privadas para atrair o consumidor preocupado com saúde e que valoriza itens sustentáveis

No País do açaí e da castanha do Pará, a produção de cosméticos orgânicos engatinha. Apesar da biodiversidade invejável, a falta de regulamentação coloca o Brasil em desvantagem ante empresas americanas e europeias. As fabricantes nacionais se munem de selos e certificações em busca de um consumidor preocupado com a saúde, cuidadoso com rótulos e bulas e disposto a pagar um pouco mais. Apesar disso, empresas que operam no País esperam crescimento neste ano, em parte, devido a exportações.

O cosmético orgânico é aquele produzido sem testes em animais, ingredientes petroquímicos, de origem animal, pesticidas e fertilizantes artificiais. Mas não há um critério claro para diferenciar o que é natural do que é orgânico. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o processo industrial transforma substâncias e matérias-primas, o que não condiz com a nomenclatura orgânica nos rótulos. O debate sobre o assunto está suspenso há cinco anos no País.

Em 2010, o governo definiu que, a partir de 1º de janeiro de 2011, para serem chamados de orgânicos, produtos como alimentos, têxteis, bebidas e cosméticos deveriam ser carimbados com um selo oficial. O Ministério da Agricultura regulamentou o setor de alimentos, mas a Anvisa alegou que não existia literatura científica internacional que provasse o que é um cosmético orgânico. Por isso, não quis se comprometer a endossar os cosméticos. Estes, então, entraram em um limbo legal. Procurada, a Anvisa reafirmou sua posição: a “legislação sanitária brasileira não contém a categoria ‘cosmético orgânico’ e, portanto, atualmente, não existem parâmetros nem critérios científicos que indiquem quando um produto cosmético pode ser considerado como tal”.

Parte das fabricantes no Brasil recorre a certificadoras privadas para classificar seus produtos como orgânicos. A brasileira Surya, no mercado há 20 anos, adota selos internacionais como Cosmebio, Ecocert, Cruelty Free e Vegan.org. A Weleda, com sede na Suíça, optou pela IBD, maior certificadora de produtos naturais e orgânicos da América Latina.

A empresa de pesquisa britânica Organic Monitor estima em apenas US$ 50 milhões o tamanho do mercado de produtos orgânicos de beleza na América Latina. Em todo o mundo, é avaliado em US$ 10,4 bilhões – em 2011, eram US$ 9,1 bilhões.

A firma de pesquisa americana Transparency estima que o mercado global de produtos orgânicos de cuidados pessoais atingirá US$ 15,69 bilhões em 2020, com crescimento anual de 9,3% de 2014 até o fim da década. É o avanço mais rápido entre todos os segmentos, impulsionado pela preocupação do consumidor com a saúde. Os produtos para a pele são os mais populares, seguidos por aqueles de cuidado com o cabelo.

 

Fonte: http://www.sm.com.br/detalhe/mercado-de-cosmeticos-organicos-e-freado-por-falta-de-legislacao-no-brasil

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