Em meio a um processo de reorganização regional, no qual a Gucci está tentando redesenhar sua
estratégia de expansão, a empresa de produtos de luxo enxerga o Brasil com ressalvas. Os altos executivos da grife italiana – famosa entre as mulheres principalmente por suas bolsas e carteiras de couro – têm se reunido para discutir os negócios nos países de alto crescimento, como os da América do Sul. “As coisas estão mudando e a empresa tem que ficar de olhos abertos e estudar as geografias antes de tomar decisões”, disse na sexta-feira a vice-presidente global da Gucci, Micaela Le Divelec Lemmi, em evento do setor de luxo, em Barcelona. Segundo ela, esse é um dos principais movimentos que hoje ocorrem dentro da empresa e deve guiar suas próximas decisões estratégicas: para onde a marca deve expandir a operação é a grande questão do momento. Com cerca de 400 lojas em todo o mundo, a Gucci divide seus negócios em quatro regiões: Américas, Ásia-Pacífico, Europa-Oriente Médio-África e Japão. A receita da companhia cresceu 16% no ano passado, atingindo € 3,6 bilhões, sendo que a maior parte dos resultados veio da região das Américas (representando 20% da receita) e da Ásia-Pacífico (36%). O Brasil, apesar de colocado entre os mais importantes mercados em crescimento do mundo, tem sido visto com cautela pela Gucci, pertencente ao grupo francês PPR, que também é dono de marcas como Bottega Veneta, Yves Saint Laurent e Balenciaga. “O Brasil é um mercado muito complicado e somos sortudos de estarmos indo bem lá. Somos cuidadosos no que diz respeito a ampliar as operações no país”, disse Micaela. Das 112 lojas que tem em toda América, a Gucci tem apenas cinco no Brasil. A executiva afirma que, além da complexidade tributária, também há barreiras não tarifárias que dificultam os negócios da companhia. Conforme contou Micaela, no ano passado a empresa não conseguiu introduzir novos produtos no mercado brasileiro no momento do lançamento internacional da coleção: eles ficaram presos no porto. A executiva não detalhou os motivos do ocorrido. Para amenizar esses e outros problemas operacionais, a Gucci agora está trabalhando mais com parceiros locais, principalmente em logística e distribuição. Apesar das dificuldades, o crescimento do mercado brasileiro de luxo brasileiro tem chamado atenção. No ano passado, o setor faturou US$ 3,51 bilhões, além de outros US$ 5 bilhões que foram gastos fora do país. Para os próximos cinco anos, o crescimento esperado desse mercado é de 15% a 25%. Os dados foram divulgados pela consultoria Brazil Business, elaborados em conjunto com consultorias internacionais.

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Fonte: Valor Econômico

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