A Hermès International informou que entrou numa “fase de ofensiva” contra a LVMH. Pretende assim obrigar sua concorrente na área de produtos de luxo, de muito maior porte, dirigida pelo bilionário Bernard Arnault, a reduzir sua participação acionária na Hermès, fabricante de echarpes de seda e das bolsas Birkin. Patrick Thomas, em fim de mandato como principal executivo da Hermès, disse que o objetivo do processo judicial movido contra a LVMH é fazer com que o grupo diminua sua fatia de 22,6% no capital da Hermès, a fim de gerar um volume maior de ações disponíveis para transações em bolsa. A Hermès, de controle familiar, está em disputa judicial com o grupo de luxo em torno da repentina aquisição, pela LVMH, de 17% de suas ações em 2010 e do subsequente fortalecimento dessa participação acionária. Os membros da família proprietária da Hermès detêm 70% dos papéis. A LVMH pode até estar satisfeita com sua fatia na Hermès, mas o grupo “não foi um bom acionista para nós”, disse Thomas. Ele acrescentou que isso não se deve a “razões financeiras, mas culturais – não seguimos o mesmo modelo corporativo”. Perguntado sobre qual seria o volume adequado de ações disponíveis para transações em bolsa, o executivo da Hermès disse “pelo menos de 15% a 20%” do capital, o que implicaria em uma redução da participação da LVMH em 10% a 15%. Thomas falou por ocasião do anúncio, pela empresa de 176 anos, de um aumento de 25% do lucro líquido de 2012, comparativamente ao ano anterior, e minimizou preocupações com a desaceleração do consumo de artigos de luxo pela China. O lucro líquido foi de € 740 milhões, sobre € 3,5 bilhões em vendas, valor 23% superior ao de 2011. O lucro operacional de 2012, que subiu 26% em relação ao ano anterior, para € 1,1 bilhão, superou as expectativas, enquanto a margem de lucro operacional de 32,1% foi um recorde para a empresa sediada em Paris, desde seu lançamento de ações em 1993. Luca Solca, analista do Exane BNP Paribas, disse que foi “um bom conjunto de resultados, que mostra que o limite da Hermès é sua própria capacidade de produção”. Thomas disse que a China continental respondeu por 10% das vendas. O percentual sobe para 20% se incluídos Hong Kong, Taiwan e Macau. As compras realizadas por turistas chineses fora de seu país inflaram essa contribuição para um total de 30% das vendas. A comercialização de produtos para a China cresceu 30% no ano passado. A expansão das vendas também foi sólida na Europa, onde alcançou 17%, e na França, onde chegou a 12%. Nas Américas as vendas cresceram 14%. Todas as divisões comerciais registraram elevação de dois dígitos das vendas. Thomas, de 65 anos, deverá se aposentar no fim do ano.
Fonte: Valor Econômico
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