Embalagem: invólucro usado para acondicionar algo, diz o dicionário. Mas que definição poderíamos encontrar em um dicionário do futuro? Tudo indica que o verbete deve se tornar maior e mais complexo. Afinal, novas tecnologias mostram que uma embalagem pode servir para muitas outras coisas. Entre elas, aumentar a durabilidade da comida, avaliar sua qualidade e economizar recursos. E mais: os avanços nesse setor se conectam com melhorias em outras áreas, até no sistema de aviação. Confira abaixo três propostas que vão muito além.

  1. Para aproveitar até a última gota

O fim de um produto que sobra no frasco – a maionese ou um sachê de mostarda – pode não ter grande importância no seu dia a dia, mas imagine o valor disso quando se trata de combustíveis, medicamentos ou bolsas de sangue. Aproveitamento total é o que propõe a LiquiGlide, que nasceu dentro de um laboratório do MIT (Massachusetts Institute of Technology).

A empresa desenvolveu um lubrificante que torna as superfícies altamente escorregadias, sobre as quais líquidos viscosos passam sem deixar rastros. A novidade já atraiu clientes como a americana Elmer’s (fabricante de colas e adesivos) e o conglomerado norueguês Orkla (que vende de alimentos a produtos de higiene pessoal e limpeza).

Mas a LiquiGlide espera levar seu produto a muitos outros setores, como a extração de petróleo. Segundo a empresa, o lubrificante pode gerar uma economia de milhões de dólares no transporte de petróleo bruto, por exemplo, evitando a formação de coágulos e o entupimento de oleodutos. Outro setor em que a companhia está de olho é a aviação: revestir as de aviões com o lubrificante evitaria a formação e acúmulo de gelo nessa parte da aeronave (uma grande preocupação em voos durante o inverno).

  1. Um leite que dura o dobro do tempo

O leite tipo A tem vida curta – é um produto fresco, que dura cerca de uma semana na prateleira. Mas nas garrafinhas da marca Letti, o prazo de validade marcado é de 15 dias. O segredo? Suas garrafas contam com micropartículas à base de sílica e de prata, que têm ação bactericida. Ao evitar a proliferação desses micro-organismos, prolonga-se a conservação do leite. Uma boa notícia tanto para o consumidor (que tem um produto mais durável na geladeira) como para o fabricante, que pode melhorar sua cadeia de distribuição.

Por trás dessa inovação está a Nanox Tecnologia, uma empresa que nasceu da interação entre pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Araraquara. Especializada em criar materiais inteligentes a partir da nanotecnologia, a empresa já havia lançado, por exemplo, um filme de PVC que elimina a proliferação de fungos e bactérias nos alimentos.

E sua ação vai além do setor alimentício. Usando sempre a prata como princípio antimicrobiano, a empresa também desenvolve soluções para a indústria têxtil (com tecidos protegidos contra ácaros, etc.), para o setor de equipamentos hospitalares (com pisos e materiais mais fáceis de limpar, por exemplo) e também para o de eletroeletrônicos (a tecnologia pode aumentar o intervalo necessário para limpeza dos filtros de ar-condicionado ou bebedouro, entre outras vantagens).

No caso da garrafa usada para envazar leite pela Letti, vale destacar que as nanopartículas não se desprendem do plástico nem contaminam a bebida. E que o produto continua precisando de refrigeração.

  1. Etiqueta feita com gelatina

O Bump Mark, uma etiqueta desenvolvida por uma jovem de 22 anos, e premiada no ano passado em um concurso de design, a etiqueta é feita de gelatina e muda de textura à medida que o alimento dentro da embalagem se deteriora.

Em entrevistas, a designer Solveiga Pakstaite disse que a ideia surgiu depois que ela trabalhou com deficientes visuais – sua meta era ajudá-los a descobrir a validade da comida por meio de alguma ferramenta tátil.

Funciona assim: você passa o dedo sobre a etiqueta e, se ela estiver lisa, é sinal de que a comida está fresca. Porém, se você sentir as ranhuras do plástico sob a etiqueta, é sinal de que a gelatina já se deteriorou – e a comida também.

A escolha da gelatina se deu justamente por ser uma proteína, que se decompõe de maneira similar à de outros alimentos proteicos, como carnes, ovos e leite. Detalhe: a velocidade dessa composição pode ser controlada a partir da concentração da gelatina (quanto mais sólida, mais ela demorará a se deteriorar).

Fonte: http://www.abre.org.br/noticias/as-embalagens-de-alimentos-do-futuro/

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