No primeiro semestre deste ano, o setor de venda direta, mais conhecido como porta a porta, cresceu 5,9% no Brasil ante igual período do ano passado e movimentou R$ 18,4 bilhões em preços ao consumidor, segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD).
O exército de revendedores no país chegou a 4,33 milhões no primeiro semestre, um aumento de 2,9% ante os 4,21 milhões de consultores existentes um ano antes. A produtividade – venda por consultor – também aumentou 2,9% na mesma comparação.
Em 2012, o faturamento do setor chegou a R$ 38,8 bilhões, em alta de 13% sobre 2011. Parte do desempenho do ano passado pode ser interpretado como uma recuperação do mercado frente a 2011, quando as duas maiores empresas de venda direta do país, Natura e Avon, enfrentaram problemas operacionais e chegaram a reportar falta de produtos no estoque para cumprir as encomendas.
A recuperação em 2012 fez com que o Brasil voltasse a ocupar o quarto lugar no ranking mundial de venda direta, posição que o país havia perdido em 2011 para a Coreia. O país foi responsável por 9% do volume global de negócios de vendas diretas no mundo em 2012, atrás de Estados Unidos (19%), Japão (14%) e China (12%).
A ABEVD não divulga números por empresas. A Natura cresce abaixo do mercado este ano. Segundo seu balanço financeiro, a receita bruta no Brasil subiu apenas 3,2% na primeira metade do ano, para R$ 3,57 bilhões. A companhia espera acelerar o crescimento neste segundo semestre, como resultado de lançamentos e maior investimento em marketing. As vendas da concorrente Avon avançaram 11% no Brasil no primeiro trimestre e 4% no segundo, em dólar constante.
A disputa está cada vez mais acirrada no setor de beleza. O Boticário, maior rede de franquias do Brasil, expandiu nacionalmente o projeto de venda direta de sua marca no ano passado. A americana Mary Kay cresceu em torno de 75% no ano até agora. A peruana Belcorp desembarcou no país no fim de 2011, conta com 50 mil consultoras e prevê chegar a 200 mil até 2015.
As empresas que vendem seus produtos por meio de consultoras no Brasil atuam predominantemente no ramo de cosméticos, mas o canal também tem atraído outros setores. “Há um crescimento de empresas que estão estrategicamente desenvolvendo seus negócios no canal de venda direta”, diz Roberta Kuruzu, diretora executiva da ABEVD. A Herbalife, de suplementos nutricionais, avançou 36% na primeira metade do ano. A varejista de moda Marisa, com 380 lojas no Brasil, lançou este ano uma operação porta a porta e contava com 10 mil consultoras em agosto.
A atualização de dados do setor foi feita pela ABEVD, com base em informações de seus 56 associados e de outras empresas do mercado, e pela consultoria SD&W. Um estudo conduzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano passado mostrou que o impacto do setor na economia, incluindo os efeitos indiretor, chega a R$ 50 bilhões.
Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/3280426/venda-direta-cresce-6-no-primeiro-semestre
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