Linha de maquiagem Rose é a segunda marca da gigante de biotecnologia a desembarcar no Brasil

Criada durante a pandemia, em 2021, a maquiagem de luxo Rose Inc é a segunda marca da gigante de biotecnologia americana Amyris a chegar ao Brasil. Desembarcou no varejo em outubro deste ano e em meados de 2023 alguns itens começarão a ser produzidos em Vinhedo, no interior de São Paulo, para abastecer o mercado interno e outros países.

A Amyris desenvolve ingredientes sustentáveis para os mercados de saúde, bem-estar, beleza, fragrâncias e sabores. Seu valor de mercado é de US$ 1,7 bilhão. De suas nove marcas de cosméticos, a Biossance foi a primeira a entrar no mercado brasileiro e a primeira a ter produção local. Sua fábrica, que produz essências, foi construída em Barra Bonita (SP) e inaugurada neste ano.

Com a Rose, o plano é produzir parte da linha em Vinhedo (SP), na fábrica da Interfaces Cosméticos, comprada recentemente pela Amyris, que não informa quanto tem e faturado no Brasil.

“As vendas da Rose Inc no Brasil tiveram resultados muito melhores do que qualquer um de nós poderia esperar, desde o lançamento em fins de outubro,” diz Caroline Hadfield, CEO e cofundadora da marca, que esteve em São Paulo há alguns dias e falou ao Valor. Inglesa, ela vive em São Francisco há dez anos, depois de percorrer um caminho como executiva que começou na rede de moda Fast Shop e dali para “dutyfrees”, para a LVMH (Louis Vuitton Moet Hennessy) e seguiu para Body Shop, antes de chegar à Amyris.

No Brasil e no mundo, a rede Sephora tem exclusividade na venda dos 80 produtos da marca, que faz parte do segmento “beleza limpa” e foi desenvolvida em parceria com a modelo inglesa Rose Huntington-Whiteley. “Acho que o mercado brasileiro está pronto para um novo posicionamento em maquiagem de alta performance com fórmulas sustentáveis que não agridem a pele nem o meio ambiente”, diz a CEO.

A Rose, lançada em plena pandemia, em 2021, se propõe a atender aos anseios do consumidor que, de alguma forma, foram definidos durante o isolamento: mais simplicidade, menor número de itens e produtos mais versáteis que tratem e embelezem ao mesmo tempo. “As pessoas querem bases mais leves e nós temos isso. Começamos com um perfil de consumidores bastante jovem, de 21 a 24 anos, e já atingimos a faixa de 50 anos. Por isso diria que nosso perfil é uma idade universal. Antes da pandemia, a rotina de cuidados demandava muitas etapas. Creio que hoje as pessoas querem menos quantidade de produtos e mais qualidade”.

No Brasil, os preços da Rose variam de R$ 189 (batom) a R$ 299 (base). Nos Estados Unidos, diz a executiva, os consumidores da Rose têm renda anual na faixa de US$ 100 mil e são aqueles que buscam um luxo sustentável.

Por enquanto, todos os produtos da marca vendidos no Brasil são importados da Califórnia, onde fica a sede, e da Itália. Mas em breve parte deles será fabricada em Vinhedo na planta industrial da Interfaces, empresa adquirida neste ano pela Amyris e que entrará em operação em meados de 2023.

Na unidade de Vinhedo serão produzidos itens de tratamento para o mercado brasileiro e para exportar aos países onde a marca está presente além dos EUA e Reino Unido: Canadá, Itália, Nova Zelândia e Austrália. As exportações brasileiras de perfumes e cosméticos, incluindo seus insumos, deram um salto neste ano. Segundo dados do Ministério da Economia, o país exportou de janeiro a outubro US$ 787,5 milhões, com aumento de 24,8% em relação ao mesmo período de 2021. Em volume, as vendas cresceram 2,8%, para 126,4 mil toneladas. Os produtos com pigmentação da Rose continuarão a vir da Itália, que tem expertise nesse tipo de produção.

De olho na recessão global prevista para o ano que vem, Hadfield diz que por ser uma marca nova, com apenas 15 meses, ela já começou em um patamar de preços cautelosos e bastante competitivos e que, além disso, traz a vantagem de ter refil para cinco itens e que custam a metade do preço. O Brasil, por enquanto, tem poucas marcas de “beleza limpa”. Os principais rivais da Rose Inc são Fenty e Rare Beauty. Nos Estados Unidos a disputa é com a Ilia e a Kosas.

A Rose tem 51 funcionários e representa 20% da receita da Amyris Clean Beauty. Entre os produtos mais vendidos estão a base, o tinted serum (R$ 299), o blush (R$ 239) e os pincéis, na faixa de R$ 219. Num mundo que questiona padrões estéticos, de raça e de gênero, a marca oferece 14 tons de base. Na loja “pop up” de lançamento da marca em Nova York os homens foram incentivados a fazer o teste para ver qual tom de base ou corretivo poderiam usar e deu resultado: “Eles gostaram da questão multifuncional do tinted serum, que trata e uniformiza a pele. Veja que os homens cada vez mais cuidam da pele, compram produtos de beleza ditos “femininos” ou usam os de suas parceiras. Acho que a beleza não está mais tão categorizada por raça ou gênero”, diz ela.

Um dos maiores desafios da marca foi entrar no mercado de luxo com embalagens de plástico reciclado 100% sustentáveis e ao mesmo tempo sofisticadas. “Optamos pela linha elegante e minimalista, sem dourados”, disse., acrescentando que tudo isso exigiu muito estudo e que, de fato, usar embalagens de plástico ainda requer uma educação do consumidor. “Achamos que as pessoas seriam mais receptivas, mas tudo é um processo”.

No site da Rose Inc o perfil de Hadfield inclui as músicas preferidas. “Meu estilo sempre foi de aproximação com a equipe, compartilhando sobre minha família, ouvindo sobre a deles e incentivando a colaboração. Quando coloco a música de Harry Styles, sei que todos também gostam e isso é engraçado e nos aproxima”.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/12/29/amyris-vai-produzir-parte-de-sua-beleza-limpa-em-vinhedo.ghtml

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