Lançada em 2021, a Amazonian SkinFood comercializa produtos naturais para a pele e espera faturar R$ 364 mil neste ano
A chamada clean beauty (“beleza limpa”, em tradução literal) consiste no uso de produtos de beleza naturais, saudáveis e livres de toxinas. Com insumos vindos de comunidades amazônicas e pequenos produtores brasileiros, a marca Amazonian SkinFood, fundada pela brasileira Rose Correa nos Estados Unidos, aposta nessa tendência para a produção de cosméticos. No seu primeiro ano de funcionamento, o negócio faturou US$ 25 mil. Para 2023, a expectativa é chegar a US$ 75 mil (cerca de R$ 364 mil, na cotação atual) e captar investimentos para escalar a produção.
Correa, hoje com 42 anos, construiu sua carreira na área de marketing. A motivação para empreender veio das alergias que surgiram em sua pele devido ao uso de cosméticos, somadas à preocupação que ela já nutria sobre a exploração da Amazônia. A ideia da marca começou a tomar forma quando Correa viajou para os Estados Unidos. Lá, ela conheceu Shane Lindner, 37 anos. Em meio às conversas sobre o potencial dos cosméticos feitos a partir de matérias-primas da Amazônia, eles decidiram se tornar sócios e começaram a estruturar a marca.
Naquele ano, Correa estudou sobre a eficácia de insumos amazônicos para a pele, e os dois contrataram químicos com experiência em beleza limpa para começar a desenvolver as fórmulas. Enquanto isso, a empreendedora começou a importar os insumos, vindos de comunidades amazônicas já desenvolvidas e de pequenos produtores de outras regiões do Brasil, como Minas Gerais e Bahia.
Ela conta que escolheu as matérias-primas que seriam usadas de acordo com as evidências de benefícios para a pele, o impacto ambiental e seu potencial de marketing. A manteiga de Ucuuba e o Muru Muru, por exemplo, foram escolhidos por virem de uma cadeia ainda em desenvolvimento, que pode se beneficiar das vendas. Já o açaí e o café foram apostas para aproximar o consumidor de ingredientes já conhecidos fora do Brasil.
Depois de quase três anos de testes para o desenvolvimento dos produtos, os empreendedores lançaram a marca oficialmente no final de 2021. Hoje, a Amazonian SkinFood conta com três cosméticos: um limpador facial sólido com açaí, maracujá e erva-mate (US$ 35); um hidratante com sacha inchi, café verde, ucuuba e cacay (US$ 48); e um óleo facial com açaí, maracujá, cacay e buriti (US$ 37). “Já temos três outras fórmulas prontas para serem lançadas enquanto crescemos”, adianta.
A produção dos cosméticos é feita de forma terceirizada em uma fábrica. Para as embalagens, a marca também aposta em materiais com menor impacto ambiental, como vidro e papel. “Também estamos estudando o desenvolvimento de um bioplástico com uma equipe do Brasil”, complementa.
Os produtos são vendidos em lojas de cosméticos dos Estados Unidos e no e-commerce, atendendo a pedidos de outros países. Segundo Correa, a marca encontrou solo fértil no país norte-americano, pois o público local está acostumado com o consumo do clean beauty. Ela diz que seu maior sonho é trazer a marca para o Brasil, o que ainda está sendo estudado. “A mulher brasileira realmente gosta de provar coisas novas e está ficando mais antenada com as questões ambientais, então tem um potencial muito grande no país”, avalia.
Em um ano de operação, o faturamento foi de US$ 25 mil – cerca de R$ 127 mil, na cotação média de 2022. Para este ano, a expectativa é chegar aos US$ 75 mil (R$ 370 mil). Segundo a empreendedora, a participação no projeto Jornada Amazônia, que fortalece o ecossistema de inovação da região amazônica, entre 2022 e 2023, ajudou no networking e na atual busca por investidores. Até o momento, a marca foi financiada apenas pelos dois sócios.
Além de ter a Amazônia como fornecedora de sua matéria-prima, Correa conta que 10% do faturamento é investido em uma comunidade amazônica que ainda não vive do extrativismo na região, para que possa se desenvolver. “Estamos construindo um poço artesiano nessa primeira comunidade. A ideia é replicar esse impacto em outras comunidades”, diz.
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