Em pesquisa, 55% das consumidoras brasileiras disseram que olham lista de ingredientes de produtos para evitar itens nocivos ao meio ambiente ou ao organismo

O isolamento social imposto pela pandemia fez muitas pessoas repensarem seus hábito. Esse exercício de consciência deve se refletir nas tendências de consumo, segundo um levantamento inédito da MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital.

“O que vemos é que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com questões ambientais e seu bem-estar. Mais da metade [55%, segundo a pesquisa] das pessoas está acostumada a olhar ingredientes dos produtos. Buscam por produtos que não sejam nocivos ao organismo nem ao meio ambiente”, diz Juliana Tranjan, analista sênior de marketing da MindMiners.

Para o “armário de renascimento pós-pandemia”, 92% dos entrevistados estão dispostos a pagar mais por roupas mais duradouras, 68% por peças com proteção solar e 67% por itens produzidos de acordo com diretrizes de sustentabilidade.

Na penteadeira também são vistas mudanças. O isolamento social fez com que categorias como a de maquiagem e a de coloração de cabelo ficassem “adormecidas” enquanto as ligadas ao bem-estar avançaram. Um destaque foi a maior procura por produtos de cuidado com a pele. E na ânsia de recuperar a vida social, consumidores devem se preocupar mais com o fim da pandemia, diz Juliana.

Depois da ‘K-Beauty’ (a rotina de cuidados sul-coreana) ganhar popularidade com seus muitos passos, espera-se a ‘A-Beauty’ se aproprie da rotina das pessoas no cotidiano pós-pandêmico. Originada na Austrália, a ‘A-Beauty’ conversa com o estilo de vida praiano e ao ar livre da população australiana, que prefere investir seu tempo aproveitando o dia.

No levantamento, 71% disseram que poderiam se cuidar mais na pandemia, mas, ainda assim, 77% afirmaram que mantinham uma rotina simples de cuidados. Os itens mais usados, mostrou a pesquisa, foram hidratantes faciais e corporais, protetor solar e sabonetes específicos para uso facial.

Essa procura por uma rotina mais simples deve reduzir a quantidade de itens na penteadeira, com o consumidor buscando mais por produtos multifuncionais. “É um modelo de vida mais minimalista e, por isso, também de consumo mais consciente. Para que ter vários produtos? A pessoa quer cada vez mais produtos que atendam suas demandas específicas e muito mais tratamento do que estética”, diz Beatriz Zogaib, fundadora e chief product officer (CPO) da startup Just For You, que usa inteligência artificial para produzir xampus e condicionadores personalizados.

Durante a pandemia, as vendas da empresa foram 22 vezes maiores. “Se comprarmos o primeiro semestre de 2020 e 2021, crescemos 10 vezes, para R$ 10 milhões”, diz Beatriz. O faturamento líquido dos últimos 12 meses foi de R$ 16 milhões e a expectativa é chegar a R$ 30 milhões neste ano.

“As pessoas não deixaram de se cuidar, elas passaram a se cuidar mais e ler mais os rótulos. As marcas precisam hoje responder ao anseio das mulheres de se sentir bem consigo mesma”, afirma a diretora.

Somada à redução dos excessos, o consumidor também está mais preocupado em encontrar produtos naturais nas fórmulas dos produtos e que não sejam, por exemplo, testados em animais. De acordo com o estudo, 29% dão preferência a produtos com ingredientes de origem natural. Produtos com lista de ingredientes “limpa”, como os sem parabenos, por exemplo, são a preferência de 26%. Ainda 11% respodenram que optam por produtos veganos e 9% pelos que têm embalagem reciclável.

“Não é mais possível pensar em beleza individual sem pensar na beleza do mundo e a pandemia deixou isso claro”, diz Caroline Kurzweil, coordenadora de estratégia e inteligência de mercado na Natura &Co. A Natura, marca do grupo é bastante associada à produção com ingredientes da biodiversidade brasileira, em especial com a linha Ekos, que conta com 38 bioingredientes da biodiversidade amazônica, empregados também nas formulações de rosto, para tratamento de cabelos e na perfumaria. A Natura encerrou 2020 com 93% de suas fórmulas de origem natural e 84% do portfólio vegano (sem ingredientes ou derivados de origem animal).

Fonte: https://valor.globo.com/valor-ri/empresa/noticia/2021/10/23/consumo-de-moda-e-beleza-no-pos-pandemia-sera-minimalista-e-mais-preocupado-com-meio-ambiente.ghtml

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