Em vez de plástico ou vidro, embalagens feitas de papel. Essa é a premissa do projeto “Amostragem do Bem”, que trouxe ao mercado uma embalagem inédita, livre de plásticos, para amostras de flaconetes de 1 ml com potencial de evitar que toneladas de plástico sejam descartados todos os anos.
“Se voltarmos atrás, vamos lembrar que o papel já teve uma representatividade muito grande como embalagem de alimento e produtos, mas que ao longo do tempo foi perdendo espaço para o plástico. Principalmente por questões de funcionalidade e econômica. Só que hoje vemos essa emergência do plástico como solução acabou virando outro problema, né?”, diz Guilherme Melhado, diretor comercial na unidade de papel da Suzano, que desenvolveu a alternativa em parceria com o Boticário.
Ele explica que a iniciativa surgiu como uma forma de responder à demanda dos novos tempos, em que cada vez mais pessoas se preocupam não apenas com a origem dos produtos que estão comprando, mas também como eles chegam às casas delas. Uma pesquisa global do Instituto Ipsos, divulgada em fevereiro de 2022, revelou que 75% dos entrevistados querem que o plástico descartável seja banido para ajudar a preservar o meio ambiente.
Greenpack como alternativa sustentável
Apesar desse cenário ainda estar longe de ser alcançado, as alternativas estão surgindo para abrir caminho para essa transformação. Entre eles está o chamado Greenpack, um tipo de papel flexível desenvolvido pela Suzano para ser usado como embalagem.
O papel ganha uma barreira biodegradável que é aplicada à superfície para que possa ser utilizado como embalagem de alimentos e produtos em geral. Anteriormente, essa tecnologia já havia sido testada para embalar internamente e externamente uma versão com 50% menos plástico do absorvente Sempre Livre, lançado no ano passado pela Johnson & Johnson.
Agora, equipes de pesquisa, desenvolvimento, engenharia, negócios, industrial, comercial e performance da empresa de papel e do Boticário se uniram para criar a nova embalagem pensada para as amostras de 1ml. Foram oito meses de trabalho até chegar ao prótipo, que chegou ao mercado em um perfume da Eudora.
O processo exigiu aprendizados de toda a equipe. “Mais do que adaptações na cadeia dos parceiros foram necessários testes para aprendermos a trabalhar com o Greenpack”, diz Gustavo Dieamant, diretor de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Boticário. Entre os desafios estava encontrar a tensão exata e o formato de bobinas, a velocidade de impressão sem romper o papel, entre outros.
As duas empresas estimam que o volume médio anual dessas amostras esteja na casa de 30 milhões de unidades, o que equivale a 21,2 toneladas de plástico. “Com essa nova tecnologia, vamos substituir os filmes usados atualmente para utilizar o Greenpack, tornando o material sustentável e aumentando a reciclabilidade também”, afirma Gustavo.
Os plásticos de uso único são um grande vilão da crise climática. Um relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no final de 2021 apontou que 85% do que vai parar nos oceanos é feito de plástico — a poluição das águas está diretamente relacionada à perda de biodiversidade e ao aquecimento global.
O objetivo da Suzano é expandir a iniciativa para outras embalagens, mas afirma que, para isso, mais empresas precisam estar interessadas em trocar o plástico pela alternativa mais sustentável.
Não adianta só criar solução. Precisamos da pressão das pessoas, dos consumidores e donos de marcas para as coisas acontecerem.
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