Em 2023, os embates e cruzamentos que resultam de um cenário de conflitos mundiais, aquecimento global e poluição por materiais plásticos e químicos prometem gerar novos desafios, mas também novas oportunidades para o setor de embalagens. Levando em conta os inúmeros fatores externos que influenciam atualmente a inovação e a cadeia de abastecimento, a agência de estudos de mercado Mintel identificou as ameaças e as oportunidades com as quais a indústria de embalagens terá de lidar neste ano que se inicia.
“Questões ambientais, conflito na Ucrânia, inflação global, problemas sociais, crescente rigor da legislação e maior responsabilidade dos produtores são alguns dos fatores que têm obrigado o setor de embalagens a transitar por vias mais complexas para que seus produtos cheguem ao mercado”, explica David Luttenberger, Global Packaging Director da Mintel.
As incertezas da economia lideram a lista de problemas, de acordo com o relatório Global Packaging Trends 2023 da Mintel. Segundo a agência de estudos, o aumento do custo das mercadorias obrigou os consumidores a rever o orçamento e a priorizar certas despesas em detrimento de outras. Ilustrando essa afirmação, 40% dos brasileiros declaram que a frase “Tenho um orçamento e tento respeitá-lo” descreve bem a situação que enfrentam.
Diante desse cenário, “oferecer embalagens financeiramente interessantes, sem fazer concessões quanto à qualidade, à comodidade, ao frescor, à segurança e à responsabilidade ambiental, será um diferencial importante não apenas em 2023 como também nos anos seguintes”, continua a Mintel.
A crise ambiental é o segundo principal elemento que afeta a indústria de embalagens, na medida em que provoca uma mudança na mentalidade dos consumidores e a adoção de novas regulamentações.
Prova disso é que 59% dos consumidores mexicanos afirmam que o enunciado “Desejo ter mais informações sobre as marcas, sobre como lidam com as questões sociais etc.” é uma descrição fiel do que pensam. Segundo a Mintel, a embalagem vai logicamente se tornar um canal de divulgação das iniciativas e ações socialmente responsáveis desenvolvidas pelas empresas.
Paralelamente, novas leis relativas ao uso de plásticos e de materiais poluentes, bem como à proteção da saúde humana e planetária, entrarão em vigor na maioria dos países, e os consumidores certamente apoiarão as medidas de preservação do meio ambiente.
Assim sendo, 45% dos consumidores australianos posicionam as mudanças climáticas e o aquecimento global no que consideram ser os três principais desafios ambientais.
Para se sobressair no mercado e manter a competitividade, “as marcas precisam oferecer opções de consumo de baixo impacto ambiental, e os fabricantes devem se empenhar para oferecer embalagens alternativas, que sejam ao mesmo tempo simples e práticas para os usuários”, ressalta a Mintel.
Para além desses macrofatores que dizem respeito a todos os tipos de embalagens, seja qual for o setor ao qual se destinam, o relatório Global Packaging Trends 2023 da Mintel analisa também algumas tendências específicas em diversas categorias, especialmente a de cosméticos.
Quando o assunto é beleza, é comum que a embalagem seja um ponto de partida para criar os laços emocionais que os produtos buscam veicular. Num contexto em que os consumidores esperam que as marcas, além de oferecer valor, assumam um compromisso com a responsabilidade social, a embalagem não é somente um item indispensável: ela se torna parte integrante da experiência associada aos cosméticos. Assim sendo, os novos desafios contemplam a sustentabilidade dos materiais, o uso de sistemas que garantam aproveitamento total do produto e a divulgação dos valores da marca.
Confira alguns destaques do relatório da Mintel:
41% dos consumidores brasileiros afirmam preferir lidar com empresas/marcas que defendam valores que eles próprios cultivam.
39% dos consumidores indianos declaram já ter comprado por impulso um produto de beleza ou de cuidados da pele motivados pela originalidade, ou pelo belo design da embalagem.
14% dos consumidores americanos afirmam que, depois de pagarem as despesas obrigatórias, gostariam de investir mais em produtos de beleza.
“Paralelamente ao desejo dos consumidores de terem acesso a mais informações, a possibilidade de potencializar a comunicação a fim de estimular a conexão entre as marcas e os clientes nunca foi tão grande”, destaca a Mintel.
Por fim, a agência de estudos de mercado sugere que as empresas do setor desenvolvam estratégias baseadas em tecnologias de embalagem de nova geração, a fim de criar uma conexão com os consumidores não apenas nas lojas, como também na casa do cliente ou em quaisquer outros canais disponíveis.
Fonte: https://www.brazilbeautynews.com/inflacao-e-crise-climatica-afetam-tendencias-no,4611
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