Avanço não será suficiente para que o setor se recupere do impacto da pandemia
O mercado global de bebidas alcoólicas deve crescer 3% este ano, de acordo com as projeções da empresa de análise do setor de bebidas IWSR. O avanço, no entanto, não será suficiente para que o setor se recupere do impacto da pandemia – em 2020 houve queda de 6,2% no volume vendido.
A expectativa é que só em 2023 o consumo total de bebidas alcoólicas retorne aos níveis anteriores à covid-19, com as vendas aumentando continuamente até 2025. A taxa de crescimento anual composta (CAGR) entre 2021 e 2025 deve ser de 1,5%, segundo a IWSR.
O avanço do comércio on-line e das vendas de bebidas mistas ou prontas para beber (RTDs na sigla em inglês) devem ajudar a impulsionar essa recuperação. As duas categorias de crescimento mais rápido, de acordo com as previsões do IWSR, são destilados sem álcool e RTDs. As bebidas mistas devem crescer 10% de 2021 a 2025, impulsionadas pelo consumo nos Estados Unidos, onde devem superar o volume de vinho.
Muitos mercados também estão passando por um aumento do consumo de rótulos mais sofisticados. A IWSR prevê que vinhos e destilados premium e de luxo crescerão 25,6% em volume de 2020 a 2025. O segmento de preços mais baixos deve crescer apenas 0,8% nesse mesmo intervalo. A expansão das categorias de maior valor agregado já vem sendo observada no Brasil, segundo os fabricantes de bebidas.
A Diageo, dona das marcas de uísque Johnnie Walker e de gin Tanqueray, criou, por exemplo o projeto “Spirits Lab”, que investe no crescimento de novas categorias de bebidas do portfólio Reserve, de rótulos de luxo. O projeto é desenvolvido em parceria com a Villas 11, uma espécie de aceleradora de marcas de bebidas. A iniciativa é um dos principais projetos da companhia e pretende testar a viabilidade de marcas pouco exploradas no país.
“A meta é achar o novo gim”, diz Guilherme Martins, diretor de negócios do portfólio Reserve. Não é à toa que Martins diz isso. A estimativa da IWSR é que o volume de gim tenha uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 4,5% de 2021 a 2025, impulsionado principalmente pelo Brasil, além de África do Sul e Rússia, e também por marcas premium.
A aposta da aceleradora criada pela Diageo é o rum. Neste caso, o rótulo de luxo da bebida é Zacapa. “Queremos criar um novo perfil de bebedor de rum, que gosta de coquetelaria”, diz o diretor da Diageo. A empresa vai começar com ações promocionais em bares de São Paulo e visa expansão por praças como Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba, cidades estratégicas para a potencialização do portfólio de luxo da companhia.
A bebida típica dos países latinos também é a bola da vez para a Pernod Ricard, dona das marcas de uísque Chivas e da vodca Absolut. Em uma estrutura similar à da Diageo, a Pernod Ricard mantém no Brasil a Brand Factory, que também busca desenvolver categorias menos exploradas.
“Ouvimos muito de bartenders que o rum pode ser a próxima tendência depois do gim. Então, temos apostado bastante nisso”, diz Camilla Ortenblad, gerente de negócios da Brand Factory, incubadora de marcas e negócios da Pernod Ricard.
Com seu rótulo de preço mais acessível, o Malibu, a empresa tem focado suas ações no público mais jovem. “Com a pandemia, migramos nossa estratégia totalmente para o on-line, fizemos duas temporadas de websérie, a casa Malibu.” Já para a marca Havana Club, a empresa investiu em projetos com a cocriação de diferentes plataformas de conteúdos com artistas independentes e lançou a plataforma “Havana Music Remix” para fomentar a cultura de rua.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/09/02/mercado-de-bebida-alcoolica-cresce-3.ghtml
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