Em Rio Preto e região, empreendedores investem em negócios focados no respeito aos animais e na saúde dos consumidores
Consumidores mais conscientes sobre as causas ambientais, sobre respeito aos animais e preocupados com a saúde e o bem-estar estão fazendo aumentar o mercado de cosméticos veganos. Uma tendência que cresce no mundo e também em Rio Preto. Relatório divulgado pela consultoria de mercado Grand View Research indica que o mercado global de cosméticos veganos deve atingir US$ 20,8 bilhões até 2025, uma taxa de crescimento anual de 6,3%. Para os produtos cruelty free (livre de crueldade animal), a previsão é de alta de 6% entre 2017 e 2023, segundo análise da Market Research Future.
Rio Preto segue essa tendência de crescimento. Recentemente, ganhou até um salão de beleza vegano, o D´Adema. “Tenho muitos amigos veganos aqui na cidade e resolvi investir no negócio”, explica Fabiana Costa, que também é arquiteta. O salão funciona em um contêiner e oferece os mesmos serviços de um empreendimento convencional. A diferença está nos produtos utilizados, que são veganos. “Aqui nós usamos duas marcas regionais, a L’arree e a Xica Brasil”, diz a empresária.
De acordo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), de janeiro de 2016 a janeiro de 2021, o volume de buscas pelo termo ‘vegano’ aumentou mais de 300% no Brasil. O programa de certificação vegana da SVB também é um termômetro do crescimento deste mercado. Com oito anos de existência, o Programa Selo Vegano já contempla mais de 2,9 mil produtos de cerca de 160 marcas diferentes. A maioria das marcas são de alimentos, mas também há produtos cosméticos, de higiene pessoal, suplementos alimentares, produtos de limpeza, lavanderia e calçados.
“Os cosméticos veganos apresentam duas características principais: não têm nenhum insumo de origem animal ou insumo testado em animal e nem o produto final é testado em animal. Hoje, não só a questão ambiental importa, mas também a relação com o produto, o que ele significa, de onde ele vem, se existe sofrimento ou exploração na produção daquele produto. Tudo isso vem sendo agregado ao conceito de um consumo mais consciente. E o produto vegano agrega muitos desses fatores”, afirma Ricardo Laurino, presidente da SVB.
No Brasil, não há dados recentes sobre seguidores da filosofia vegana. A última pesquisa, feita em 2018, encomendada pela SVB ao Ibope, mostrava que 14% dos brasileiros se consideravam vegetarianos e estavam dispostos a escolher mais produtos veganos.
Indústria
Eco-friendly, com produtos formulados com base 100% vegana e não testada em animais, a L´arrëe Créative Cosmétiques foi criada em 2012 por Marcos Godoy, em Mirassol, com apenas três produtos no portfólio. Dez anos depois, conta com mais de 120 soluções para os mais diversos tipos de necessidades capilares, possui fábrica própria, abrangência em todo o território nacional e parceiros em outros países. “Criei a marca com a missão de levar o melhor da cosmetologia mundial através de nossas soluções em tratamentos para todas as necessidades em cosméticos capilares. Com o crescimento da tecnologia e liberdade de posicionamento sobre várias bandeiras, o mercado vegano vem crescendo de forma exponencial”, conta o CEO da L’arrëe.
Fique por dentro
Nos produtos veganos, além de nenhum dos ingredientes ter origem animal, na maioria das vezes, as embalagens são sustentáveis, sendo feitas de materiais recicláveis, retornáveis. Os produtos não têm ingredientes de origem animal e, em sua maioria, optam por fórmulas com mais componentes e matérias-primas vegetais, que são melhores para a pele
O número de lançamentos de marcas chamadas ‘cruelty free’ e ‘clean beauty’ disparou no mercado de cosméticos brasileiro. Os termos indicam que tanto o produto final como os ingredientes não foram testados em animais, não contam com derivados de origem animal em sua composição, além de serem livres de insumos agressivos ao corpo e ao meio ambiente.
A crescente demanda por cosméticos veganos entre os millennials, pessoas nascidas entre 1981 e 1995, é um dos principais estimulantes de crescimento do mercado.
O selo vegano foi criado em 2013 pela SVB como um sistema de certificação confiável que concede à produtos de diversos segmentos (alimentos, cosméticos, higiene, limpeza e calçados) um selo reconhecido nacionalmente. O certificado é concedido a cada produto individualmente e não se refere à marca ou à empresa, permitindo que qualquer indústria solicite o selo.
Dos 2,8 mil itens com o selo vegano no mercado, 189 são cosméticos
Em 2019, foram concedidos 34 selos e, em 2020, 38. Em 2021, a SVB já avaliou 47 produtos. Além de ser impulsionado pelas gerações mais jovens, que consideram a crueldade contra os animais antiética, as vendas por e-commerce também têm aquecido o mercado, em razão da facilidade de seleção e entrega de produtos.
Cosmético artesanal e natural
Empresas novas, com ideais fortes, que pensam no bem-estar de quem usa e também do planeta e que oferecem produtos em embalagens recicláveis e biodegradáveis. Esse é o perfil mais comum das empresas que produzem cosméticos veganos. Criada em 2016, a Bioplanthérapie Cosmética Vegana Artesanal, de Rio Preto, foi registrada em 2020 pela farmacêutica Patrícia Oliveira. A ideia surgiu após uma viagem para o sul da França.
“Lá, a cosmética artesanal já é uma realidade, pensando no bem-estar de quem usa e na preservação do meio ambiente. Larguei toda a minha carreira profissional corporativa e decidi criar a minha própria linha de cosméticos artesanais, incentivando também o empreendedorismo feminino. Meus produtos são feitos com extratos naturais de plantas medicinais e óleos essenciais, na concentração permitida pela Farmacopéia Brasileira. Todos são veganos, não contêm substâncias de origem animal e não são testados em animais”, explica Patrícia.
A marca possui uma linha de cremes hidratantes, xampu em barra, desodorante natural, argiloterapia, escalda-pés, aromaterapia e sabonetes artesanais. “As embalagens são de vidro retornável. Assim, na próxima compra o cliente ganha um desconto e ainda preservamos o meio ambiente e diminuímos a geração de lixo”.
Produto responsável e econômico
Idealizada pelo casal Arthur Mendonça e Sara, a marca Coco Cosméticos, de Rio Preto, nasceu da necessidade que os dois empreendedores tinham em encontrar produtos veganos. “Desde muito jovens, quando decidimos seguir essa filosofia, resolvemos criar algo diferente. Além disso, o aumento do desmatamento e a percepção do que a indústria da carne faz com os animais tem feito com que cada vez mais pessoas escolham ter menos carne em seus pratos, e cosméticos mais responsáveis em seu banho. Além disso, viver em um momento de pandemia onde a saúde vira um fator instável fez com que as pessoas refletissem melhor sobre o que consomem, o que usam e como isso impacta em suas vidas”, diz Arthur.
A Coco produz cosméticos em barra, como xampu, condicionador, máscara capilar, sabonetes, manteiga labial e até pastilha de dente (versão sólida da pasta). “Os cosméticos em barra são pouco conhecidos, mas são mais econômicos, têm melhor custo benefício, são mais duráveis e causam menos impacto ao meio ambiente”, diz.
Ele diz ainda, além dos requisitos sanitários e boas práticas de fabricação, levam em conta o respeito aos animais e o cuidado com a natureza, desde a escolha dos ingredientes, na produção, até a expedição e envio dos produtos. “Apesar de serem um pouco mais caros, quando levamos em consideração o custo benefício, os sólidos saem mais baratos, já que duram muito mais que os líquidos e não há desperdício”.
Fonte: https://cosmeticinnovation.com.br/mercado-de-cosmeticos-veganos-registra-crescimento-no-pais/
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