O  Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2023 com variação acumulada de 4,62%, abaixo dos 5,79% registrados em 2022. Alimentação e bebidas, grupo de maior peso no IPCA, subiu 1,03% no ano. Apesar da ligeira alta, comer em casa ficou mais barato, marcando a primeira deflação de alimentos consumidos nos lares desde 2017, segundo a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

A comida nos supermercados alcançou redução de -0,52%. Já a alimentação fora do domicílio subiu 5,31%, em que a refeição teve aumento de 4,34%, enquanto fazer um lanche ficou 7,24% mais caro.

Os principais itens para a baixa foram a deflação do óleo de soja (-28,00%), do frango em pedaços (-10,12%) e das carnes (-9,37%). André Almeida, gerente do IPCA, explica que o grupo de produtos alimentícios ficou abaixo do resultado geral e ajudou a segurar o índice de 2023.

Houve quatro quedas seguidas no meio de ano, o que contribuiu para esse resultado. A queda na alimentação no domicílio reflete as safras boas e a redução nos preços das principais commodities no mercado internacional, como a soja e o milho”, ele diz.

Os preços do óleo de soja recuaram em dez dos 12 meses de 2023, enquanto os preços das carnes e do frango em pedaços caíram de janeiro a setembro.

Impacto do clima

O clima também foi decisivo para o desempenho dos preços. Almeida afirma que o aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas. A cebola, por exemplo, teve redução de -28,95%, a batata inglesa de -12,52% e o tomate de – 7,38%, ambos no acumulado de 2023.

Também nesta semana, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou que, entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023, o valor da cesta básica diminuiu em 15 das 17 capitais pesquisadas.

O óleo de soja teve o valor reduzido em todas as cidades. As variações negativas ficaram entre -33,04%, em Curitiba, e -22,65%, em Fortaleza.

Depois da alta nos anos anteriores, a queda ocorreu porque a produção brasileira e mundial de soja bateu recorde em 2023 e conseguiu cobrir a menor oferta em outros países, como os EUA. O excesso de grãos reduziu o preço, também do óleo de soja, apesar da firme demanda externa“, aponta o Dieese em nota.

As principais reduções acumuladas, entre dezembro de 2023 e dezembro de 2022, foram registradas em Campo Grande (-6,25%), Belo Horizonte (-5,75%), Vitória (-5,48%), Goiânia (-5,01%) e Natal (-4,84%). Já as taxas positivas acumuladas ocorreram em Belém (0,94%) e Porto Alegre (0,12%).

Ipea

Os dados mais recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) já haviam mostrado que a trajetória deflação nos alimentos em domicílio em 2023.

Por certo, mesmo diante de uma aceleração na margem, no acumulado do ano, a queda dos preços dos alimentos chega a 1,8%, contrastando fortemente com o observado no mesmo período de 2022 (12,4%)“, afirma o Ipea em carta publicada em dezembro, sobre o quarto trimestre de 2023.

As maiores pressões, em 2023, vieram dos reajustes dos cereais (0,46 p.p.), das frutas (0,33 p.p), das hortaliças (0,31 p.p.) e dos panificados (0,31 p.p.). Em contrapartida, o impacto vindo das quedas nos preços das carnes (-1,7 p.p.), das aves e ovos (-0,67 p.p) e dos tubérculos (-0,62 p.p.) foram os principais pontos de alívio sobre a inflação dos alimentos de janeiro a novembro.

Para 2024, o Ipea indica aceleração dos preços dos alimentos tanto no atacado quanto no varejo, mesmo diante da estabilidade de commodities agrícolas e da taxa de câmbio.

“Além de uma projeção de safra 2,8% menor que a observada em 2023, os impactos do El Niño também podem prejudicar a produção de frutas, verduras e legumes, gerando uma pressão adicional sobre os preços dos alimentos. Desse modo, as altas projetadas para a inflação desse grupo, em 2024, medida pelo IPCA, é de 3,9%“, afirma trecho do documento.

Fonte: https://exame.com/agro/no-pais-do-agronegocio-comer-em-casa-ficou-mais-barato-com-a-primeira-deflacao-desde-2017/

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