Uma das principais marcas de beleza natural do Brasil, a Simple Organic começa expansão com e-commerce e modelos de franquia Foi no desfile À La Garçonne de Alexandre Herchcovitch, na edição de 2017 do São Paulo Fashion Week, que a Simple Organic nasceu. Quatro anos depois, a companhia já consolidada como uma das principais marcas de clean beauty (com cosméticos sustentáveis, de alta performance e sem ingredientes nocivos à saúde) do país repetiu a história ao fazer seu debut internacional nas passarelas – desta vez na New York Fashion Week, no dia 8 de setembro, ao assinar a beleza da coleção de moda da PatBo, outra brasileira estreante no evento.
‘O evento foi muito importante para mim’, afirma a fundadora e CEO da marca, a catarinense Patricia Lima, em entrevista à Forbes um dia após o desfile. ‘Uma coisa é fazermos um trabalho no Brasil, onde por quatro anos construímos um relacionamento com os maquiadores, a comunidade e os clientes. Outra é chegar a um mercado em que ninguém nos conhece (ainda) e entregar produtos naturais nas mãos de maquiadores de uma semana de moda do porte da NYFW.’
Patricia criou a marca em 2017 após se tornar mãe. Diz que pensou em deixar um legado à filha e busca um impacto positivo em todas as etapas da empresa: desde a escolha das formulações à origem dos ingredientes, da opção por embalagens mais sustentáveis ao processo de logística reversa para garantir um descarte ecológico dos produtos. Hoje, um de seus maiores propósitos é mostrar que a sustentabilidade como modelo de negócio pode ser lucrativa.
A trajetória da beauty tech até alçar voos estrangeiros foi intensa: logo na estreia, a Simple vendeu o estoque planejado para seis meses em apenas 45 dias. Agora já acumula mais de 100 produtos em seu portfólio (de tratamentos de pele e maquiagem a itens de cabelo e cuidado sexual, todos com fórmulas 100% limpas, naturais e veganas – sem nada de ingredientes sintéticos e que podem causar danos ao corpo humano e ao meio ambiente), 24 pontos de vendas físicas pelo Brasil e um crescimento de 300% só em 2020 – para 2021, a marca projeta um faturamento 257% maior.
Já em setembro, a empresa inaugurou uma operação digital nos Estados Unidos, com um centro de distribuição na Califórnia. O plano de seguir com um e-commerce próprio, em vez de se juntar a grandes redes de varejo e lojas de departamentos, foi escolha de Patricia: ‘Eu poderia até ir para uma Amazon, pensando em faturamento, mas aí perderíamos aquilo que construímos no Brasil, que é uma comunidade preocupada com a sustentabilidade. Antes de chegarmos às grandes redes de varejo, queremos segurar nossas bandeiras e fortalecer a nossa imagem – por isso o digital é muito importante para a operação’, ela explica.
A Simple também deve trabalhar sua expansão na Europa, mas com outro modelo de negócios: as redes de franquias, começando por Portugal e Espanha nos próximos meses. Em todos os mercados externos, o plano é se consolidar primeiro com portfólio de itens mais vendidos – como a solução de Niacinamida, Vitamina C, o primer Blur Effect e o CB2, um balm feito de ativos da Amazônia com efeitos similares ao CBD (composto não psicoativo da cannabis). ‘Os ingredientes do balm são orgânicos e extraídos por comunidades quilombolas da Amazônia, então conseguimos juntar em um produto só resultados de skincare, tendências de mercado e questões sociais e de meio-ambiente’, declara a CEO.
Mesmo que o consumidor estrangeiro já esteja aberto e acostumado à beleza limpa, Patricia acredita que a empresa traz um grande diferencial: levar produtos inovadores com brasilidade. ‘Chegamos ao mercado internacional com um trunfo nas mãos, que é a matéria-prima brasileira, com ativos poderosos e sustentáveis’, diz. Para ela, hoje o mercado de beleza brasileiro está vivendo um novo momento, o que se concretiza no termo B-Beauty – movimento de destaque e popularização das marcas nacionais de maquiagem e skincare, com cosméticos cada vez mais autorais, modernos e limpos.
Apesar de a Simple Organic ter sido planejada para exportação desde o início, a empresa nativa digital focou primeiro em consolidar sua operação nacional antes de pensar em chegar a outros países. ‘Dois anos atrás, eram dois caminhos: abrir franquias pelo país ou a internacionalização. Optei por ficar no Brasil e crescer ainda mais por aqui. Nesse meio tempo, ganhamos estrutura e nome, o portfólio aumentou e agora temos um grande investidor por trás’, diz a empreendedora, em referência a compra de participação majoritária da beauty tech pela gigante farmacêutica Hypera Pharma – com a capacidade logística e estrutural para acelerar a expansão da marca.
Mesmo com tantos planos internacionais, o foco da marca, segundo a fundadora, ainda é o mercado brasileiro – e projetos e novidades não faltam. Um deles é a abertura de um spa da Simple Organic em outubro no bairro dos Jardins, em São Paulo. Outra experiência física é uma nova loja tecnológica no shopping paulista de luxo JK Iguatemi, no momento em processo de soft opening. ‘Ela está preparada para qualquer um fazer seu autoatendimento. Temos espelhos interativos, em que as pessoas podem ver as matérias-primas de cada produto, saber como ele é produzido e fazer um quiz sobre a sua pele.’
Além disso, mais uma estratégia recente da beauty tech são as linhas assinadas, feitas em colaboração com influenciadores digitais e celebridades. A primeira foi a coleção de sombras líquidas com a blogueira Jade Picon, que tem mais de 13 milhões de seguidores no Instagram. Aberta no último sábado (18), a pré-venda esgotou em 24 horas. E Patrícia ainda deu um spoiler: essa é só a primeira das 10 colaborações de skincare e maquiagem que a Simple irá lançar com produtores de conteúdo e formadores de opinião – de grandes a pequenos nomes – até a metade de 2022.
‘Quando falamos em democratizar, escolhemos um time de pessoas para levar os produtos para diferentes públicos, para as pessoas entenderem mais sobre formulação orgânica e natural e furar as bolhas digitais’, diz. ‘Somos a maior marca de beleza limpa do Brasil e a maior rede de franquia do segmento, mas isso ainda é pouco perto do que temos para fazer. E uma das coisas que eu mais quero é ser a empresa que apoia outras marcas brasileiras menores de clean beauty no país, porque temos um mercado gigantesco para conquistar.’
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